30.11.11

Brazão de Coimbra

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Já muito se escreveu sobre este brasão, mas a lenda relatada por Frei Bernardo de Brito é, sem dúvida, a mais bela e a de maior aceitação.
Ataces, rei dos Alanos, depois de destruir completamente a cidade de Conímbriga, decidiu fundar ou restaurar uma outra com o mesmo nome na margem direita do Mondego.
Quando Ataces andava a dirigir a edificação dessa nova Coimbra, eis que subitamente surge o rei suevo Hermenerico com o seu exército, para dela se apoderar e se vingar de derrotas sofridas. O combate que se travou entre as duas facções foi de tal modo sangrento que as águas do Mondego se tingiram de vermelho.
Hermenerico retirou-se para o Norte, mas Ataces foi em sua perseguição e o rei suevo viu-se forçado a pedir a paz. Para tanto, ofereceu ao vencedor a mão da princesa Cindazunda, sua filha. Como é de regra em tais casos, diz a lenda que Cindazunda era extremamente bela e que Ataces logo dela se enamorou. Vem o régio par de noivos a caminho de Coimbra, acompanhado de sogro e pai, e em breve se realizam os esponsais e bodas, com a magnificência devida.
Para comemorar tão extraordinário acontecimento, Ataces concedeu à cidade de Coimbra o brasão que ainda hoje se mantém no fundamental. A donzela coroada é Cindazunda; a taça representa o seu casamento com Ataces; o leão é o timbre de Ataces; o dragão, o timbre de Hermenerico.

28.11.11

É Preciso Acreditar


Luiz Goes
Convento da Cartuxa - Caxias

É preciso acreditar
que o sorriso de quem passa
é um bem para se guardar
que é luar ou sol de graça
que nos vem alumiar ... com amor alumiar


É preciso acreditar
que uma vela ao longe solta
é um bem para se guardar
que se um barco parte ou volta
passará no alto mar ... e é livre o alto mar


É preciso acreditar
que a canção de quem trabalha
é um bem para se guardar
E não há nada que valha
a vontade de cantar ... a qualquer hora cantar

É preciso acreditar
Que esta chuva que nos molha
é um bem para se guardar
que há sempre terra que colha
um ribeiro a despertar .... para um pão por despertar.

26.11.11

Largo da Feira

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Coimbra - Antiga Alta da Cidade

Adeus, ó Largo da Feira
Cercado de cravos brancos,
Onde o meu amor passeia
Domingos e dias santos.

Senhor Francisco Bandarra,
Na Feira dos Estudantes,
Passeia de noute e dia,
Só para ver as amantes

24.11.11

Trova do Vento que Passa


Poema de Manuel Alegre
Voz de Adriano Correia de Oliveira

"mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não"

23.11.11

Contos de Fajão

O Morto Que Falou
Uma vez um homem que estava a cortar uma pernada dum castanheiro, ali ao fundo do Reboludo, mas estava sentado na parte que havia de cair.
Passou por ali um almocreve, que vinha para Fajão, e vai aqui assim:
Então o senhor está sentado na pernada que está a cortar?! Está aqui está no chão!
- Qual quê? Eu sei bem o que estou a fazer!
- Ai sim? Então passe muito bem.
E seguiu adiante.
Daí a nada esgalhou a pernada e o homem caiu.
Então pensou : Vou lhe perguntar quando é que eu morro.
Foi a correr e ainda o alcançou.
- Olhe lá, o senhor com certeza é santo: disse que eu caía e caí mesmo.
É capaz de me dizer quando é que eu morro?
- Olhe, o senhor vá, carregue o burro com a lenha, e ponha-o diante a andar para Fajão .
Quando ele der o terceiro traque o senhor morre. O homem foi, cortou a lenha do castanheiro, carregou o burro e pô-lo a andar para Fajão.
Daí a pouco, o burro, ao dar uma passada mais difícil, soltou um traque.
- Mau! disse o homem. Já foi o primeiro.
Um pouco mais acima, noutro passo mais difícil, segundo traque.
- Alto! que isto agora está sério! Já só falta um! Tenho de tomar providências.
Então fez uma rolha de pau e meteu-a no cu do burro, para ver se não vinha o terceiro traque.
Mas ao entrar na calçada do Reboludo, o burro não se conteve, e foi rolha e tudo direito à testa do homem.
O homem caiu atordoado e deu-se por morto.
Os de Fajão, quando viram lá chegar o burro sem o dono, foram à cata dele e encontraram-no estendido. Veio o barbeiro e verificou o óbito. De maneira que, trouxeram um esquife e organizaram o cortejo para o cemitério.
Mas quando chegaram às Almas, onde há dois caminhos, um pela vila e outro directo ao cemitério, começaram a discutir por onde é que o haviam de levar. Uns, porque deve ir pela vila, outros, porque é melhor ir directamente para o cemitério.
Como não chegassem a um acordo, o Pascoal, já meio irritado, teve uma ideia:
- O morto que diga por onde quer que a gente o leve!
Então o morto soergueu-se no esquife e disse com voz do outro mundo: «Eu quando era vivo ia por ali; agora, que estou morto, levem-me por onde quiserem».
E tornou-se a deitar. E lá o levaram por onde ele disse que ia em vida.

22.11.11

As Pombas

As Pombas - Zeca

1967
Teatro Avenida
Sarau da Queima das Fitas

Zeca Afonso e Rui Pato interpretam "As Pombas" de Zeca e Luis Andrade.
A foto é desse Sarau e a gravação foi efectuada ao vivo por um espectador.

21.11.11

Basketball Feminino

Unio-Basquetefeminino194243-1
1942/43
Equipa do União de Coimbra


Da esquerda para a direita:
Em baixo - Ilda Raposo, Olinda Rodrigues e Assunção Rodrigues.
Em cima - ????, Isabel Contente e Lily.

Ilda Raposo também foi uma grande praticante de Natação do União de Coimbra.
Olinda e Assunção, são irmãs de Necas Rodrigues (barbeiro) e Álvaro Rodrigues (antigo árbitro), já falecidos, que foram futebolistas do União. O pai, Daniel Rodrigues (sapateiro) e Carlos Alberto, filho do Álvaro, foram também praticantes de futebol no União.
Família Rodrigues muito bem representada na história desportiva do União de Coimbra.

19.11.11

José Régio


Balada de Coimbra, de José Régio

João Moura - Guitarra Portuguesa
Luís Veloso - Guitarra Clássica
Abel Gonçalves - Flauta
Aurelino Costa - voz

18.11.11

Coimbra

afonso duarte
AFONSO DUARTE

Joaquim Afonso Fernandes Duarte nasceu em Ereira, Montemor-o-Velho, no dia 1 de Janeiro de 1884.
Licenciado em Ciências Físico-Naturais, foi professor primário em Coimbra, tendo sido afastado dessas funções por se opor à ditadura de Salazar. É então que se dedica à sua obra poética e à investigação pedagógica.
Foi colaborador das revistas A Águia, A Rajada, Contemporânea, Presença, Seara Nova e Vértice.
Morreu em Coimbra a 5 de Março de 1958.
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Coimbra

Descem do Outeiro as casas da cidade
Como rebanho de ovelhinhas brancas
Que viessem com sede até ao rio.
E, coleante cobra, vai subindo a encosta
Íngreme, a estrada, entre surribos verdes:
É lá o Vale do Inferno onde demora
A curva do caminho, e dá descanso
Múrmura fonte: e donde Coimbra – cidade
É habitável sonho de poetas.
E desço aonde? Aos laranjais das ínsuas,
Às margens dos salgueiros e dos choupos:
“Líricas de Camões” dão-me vigílias,
“Amantes rouxinóis” modulam sonho.

Olha: o Jardim, a Mata, e o par de namorados
Que deslaçam as mãos das verdes heras
Que cobrem os frondosos troncos seculares
Já quando te aproximas! Oh! noivas idades
Que procuram recantos entre as árvores
E as águas que murmuram! Pois os risos
Lavam e as lágrimas enxugam.
Rio acima, para o alto içando as velas,
Lá vêm da Foz as barcas dos serranos
Ajudando-as da margem com as sirgas:
E, num adeus que fica para sempre,
Que lindas, quando as leva o braço e o vento!
Afonso Duarte

17.11.11

Canção da Primavera


Baladas de Outono
Manuel Portugal, Rui Rodrigues, João Queirós e António Ataíde
1996
Concerto realizado pelo grupo no Festival Internacional de Música de Wiesbaden

16.11.11

Coro dos Escravos

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"O CORO DOS ESCRAVOS" (OU "O SOL É DOS BRANCOS")
ABRUNHEIRO - COIMBRA/1978
(Óleo s/ madeira - 168 x 56)
Colecção Particular J.O.

Ainda imberbe e com acne na técnica e no porquê da pintura, “pintei” mentalmente este quadro, uns quatro anos antes de o pintar deveras, quando pela primeira vez me vi a ouvir com séria atenção o "Coro dos Escravos" do “Nabuco” de Verdi. Prometi a mim mesmo, na ocasião, que um dia pintaria um quadro com esse nome; e que o faria ouvindo em contínuo o “Va pensiero”, hino de afirmação revolucionária numa Itália então sufocada por austríacos e franceses. E assim veio a ser. É óbvio que estes meus escravos nada têm a ver com os que o bom do Giuseppe pôs a cantar na margem do Jordão, os hebreus. Mas tentam ser expressão da força ― passe a imodéstia ― que ele, de que soberba maneira, com que sublime encanto, tão bem soube perenizar através da música.
Obrigado, amigão Giuseppe, pelo empurrão que me deste.
José Daniel Abrunheiro, em Coimbra e aos 12 de Junho de 2006

15.11.11

Círculo de Artes Plásticas


EXPOSIÇÃO

Está patente até ao próximo dia 9 de Dezembro, na Casa da Cultura, em Coimbra, a Exposição Coletiva "Espaço doméstico em performance".
 

14.11.11

Com Fúria e Raiva

sophia melo breyner
Sophia de Melo Breyner Andresen

Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras

Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiada

De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse

Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra

Sophia de Mello Breyner

13.11.11

A Mulher da Erva



Zeca Afonso

Velha da terra morena
Pensa que é já lua cheia
Vela que a onda condena
Feita em pedaços na areia
Saia rota
Subindo a estrada
Inda a noite
Rompendo vem
A mulher
Pega na braçada
De erva fresca
Supremo bem
Canta a rola
Numa ramada
Pela estrada
Vai a mulher
Meu senhor
Nesta caminhada
Nem m'alembra
Do amanhecer
Há quem viva
Sem dar por nada
Há quem morra
Sem tal saber
Velha ardida
Velha queimada
Vende a fruta
Se queres comer
À noitinha
A mulher alcança
Quem lhe compra
Do seu manjar
Para dar
À cabrinha mansa
Erva fresca
Da cor do mar
Na calçada
Uma mancha negra
Cobriu tudo
E ali ficou
Anda, velha
Da saia preta
Flor que ao vento
No chão tombou
No Inverno
Terás fartura
Da erva fora
Supremo bem
Canta rola
Tua amargura
Manhã moça

Nunca mais vem

12.11.11

Eléctricos de Coimbra

electrico coimbra
História do Eléctrico de Coimbra

O Museu da Cidade acolhe até doze de Fevereiro do próximo ano, uma exposição evocativa do centenário da tracção eléctrica em Coimbra. Um percurso cronológico que relaciona a expansão das linhas de transporte público com o crescimento e desenvolvimento da cidade.
São referenciados os principais projectos urbanísticos da cidade, os pólos de desenvolvimento industrial, os movimentos sociais que os acompanharam e as novas formas de vivência.

11.11.11

Quinta de S. Jorge


José Afonso
Baladas de Coimbra

Passam quase cinquenta anos desde as gravações de José Afonso, acompanhado por Rui Pato, feitas no mosteiro da Quinta de S. Jorge, em Coimbra, no ano de 1962.
Menino de Ouro, No Lago do Breu, Tenho Barcos Tenho Remos, Senhor Poeta, foram gravadas num corredor do convento que tinha excepcionais condições acústicas.
As fotos que sustentam esta apresentação foram recolhidas nos anos 30, 40, 50 e 70 do século passado e algumas mais recentemente. O mapa data de 1634.
Sobre este trabalho, escreveu então Rocha Pato:
"O Dr. José Afonso, de quem as noites da velha Alta coimbrã conhecem a voz inconfundível, repercutindo por escadinhas e vielas, penetrando pelas janelas e trapeiras silenciosas, é sem dúvida dos mais expressivos cantores-estudantes, que nas últimas décadas tem passado por esta cidade do Mondego, ano a ano renovada de novas vozes, novas melodias, novas expressões interpretativas. (...) Habituado às noites silenciosas das ruas da Alta, que lhes falam dos seus segredos e dos seus mistérios, das amplas ressonâncias do rendilhado pórtico da Sé Velha, o Dr. José Afonso, desejou gravar a presente obra no ambiente evocativo dum velho mosteiro..."

10.11.11

As Putas da Avenida

Assis Pacheco
Fernando Assis Pacheco 

Eu vi gelar as putas da Avenida
ao griso de Janeiro e tive pena
do que elas chamam em jargão a vida
com um requebro triste de açucena

vi-as às duas e às três falando
como se fala antes de entrar em cena
o gesto já compondo à voz de mando
do director fatal que lhes ordena

essa pose de flor recém-cortada
que para as mais batidas não é nada
senão fingirem lírios da Lorena

mas a todas o griso ia aturdindo
e eu que do trabalho tinha vindo
calçando as luvas senti tanta pena


Fernando Assis Pacheco

9.11.11

Variações em Fá Maior

Francisco Martins - guitarrista

Francisco Martins

Francisco Martins em guitarra de Coimbra, acompanhado em guitarra clássica por Humberto Matias e Rui Pato, no tema "Variações em Fá maior ".
Peça da autoria de Francisco Martins, tema nº 7 do CD "Primavera 2" gravado para a Philips /PolyGram em 1996.
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"Além da técnica com que executa, vem ao de cima o virtuosismo dos acordes, cheios de uma música suave, bela e que nos entra facilmente na alma."
Mário Rovira

8.11.11

Comunicado

mtorga
Miguel Torga

Na frente ocidental nada de novo.
O povo
Continua a resistir.
Sem ninguém que lhe valha,
Geme e trabalha
Até cair.

7.11.11

Ficarei até Morrer


Toada Coimbrã

Rui Lucas - voz
António Vicente - Guitarra Portuguesa
João Paulo Sousa - Guitarra Portuguesa
João Carlos Oliveira - Viola
Jorge Mira Marques - Viola

*
Gaivotas
Que o vento Norte não traz
Notícias
Que tardam sem razão

Ficarei aqui à espera
Inda que seja quimera
Teu regresso acontecer
Ficarei até morrer

Saudades
Que a um tempo não se apagam
Imagens
De memórias não ausentes

Ficarei aqui à espera
Inda que seja quimera
Teu regresso acontecer
Ficarei até morrer


António Vicente

6.11.11

Metro Mondego

Metro_Mondego
O Tribunal de Contas revelou que o Metro Mondego sofreu um aumento de custos quatro vezes superior ao inicialmente previsto e recomendou ao Governo que decida, com brevidade, sobre o destino dar ao projecto.
A Sociedade Metro Mondego, fundada em 1994, anda há dezassete anos a desperdiçar excessivos recursos públicos para a instalação do chamado Sistema de Mobilidade do Mondego que, inicialmente, não era mais do que a modernização do serviço de comboio existente há mais de cem anos entre a Lousã e Coimbra.
O relatório agora divulgado pelo Tribunal de Contas vem revelar que os custos passaram de uma estimativa de 122 milhões de euros, feita em 1997, para 512 milhões, em 2011.
Este Tribunal chama ainda a atenção para o despesismo da administração da Metro Mondego que, segundo o relatório, entre 1997 e 2010, despendeu com os seus órgãos sociais cerca de 3,4 milhões de euros. Destes, cerca de 3,3 milhões foram despendidos, nomeadamente, com os três executivos do conselho de administração.

5.11.11

Inês de Castro


Quinta das Lágrimas
Passeio matinal com passagem pela Fonte dos Amores

Inês de Castro, a nobre galega amada pelo futuro rei de Portugal, D. Pedro I, de quem teve quatro filhos, executada às ordens de D. Afonso IV em 7 de Janeiro de 1355. 

4.11.11

Nunes Pereira

Nunes Pereira
Augusto Nunes Pereira nasceu a 3 de Dezembro de 1906, na Mata de Fajão, concelho de Pampilhosa da Serra. Filho de António Nunes Pereira e de Ana Gomes. Seu Pai, escultor santeiro, faleceu quando Augusto tinha, apenas, 9 anos. Foi o segundo de quatro filhos, cresceu e viveu a infância e a adolescência em contacto directo com a vida dura e agreste, mas sã e pura, das gentes da serra.
Entre 1919-1929 esteve no Seminário Maior de Coimbra. Nestes anos se forjou o padre, o artista, o jornalista e o estudioso que nunca mais deixaria de ser. Ordenado a 28 de Julho de 1929, exerceu o sacerdócio na paróquia de Montemor-o-Velho, onde permaneceu até 1935.
Em Coja (1935-1952), revelou-se a riqueza da personalidade de Nunes Pereira, estendendo-se a sua acção aos mais diversos domínios. A sua sensibilidade como artista e talento de artífice foram amplamente colocados ao serviço da Igreja como provam os altares, confessionários, pinturas a óleo da Igreja Matriz e frescos da sua autoria.
Nunes Pereira foi nomeado pároco de S. Bartolomeu (Coimbra) a 13 de Janeiro de 1952 e aí se manteve até se aposentar, em 1980. Colaborou no estudo de monumentos, na valorização do património arqueológico da Igreja de São Bartolomeu, no inventário cultural de Arte Sacra da diocese de Coimbra, e investigou sobre os túmulos e o púlpito de Santa Cruz.
De 1952 a 1974 foi chefe de redacção do "Correio de Coimbra", tendo realizado "muitas dezenas" de gravuras para este jornal.
Conciliou, sempre, o exercício do seu múnus pastoral com um crescente interesse pelo cultivo das artes, desde a poesia à escultura, passando pelo desenho, pela aguarela, pelo vitral e sobretudo pela xilogravura, especialidade que fez dele o melhor artista português da segunda metade do séc. XX naquela área.
Foi um dos fundadores do Movimento Artístico de Coimbra. Foi Sócio fundador da Sociedade Cooperativa de Gravadores de Portugal e sócio da Sociedade Nacional de Belas Artes. Deu um importante impulso ao coleccionismo popular e religioso.
Uma das obras mais notórias do seu talento foi a criação da Oficina-Museu do Seminário Maior de Coimbra, onde se encontra grande parte da sua obra artística, nomeadamente a colecção completa das gravuras em madeira dos Contos de Fajão.
Realizou várias exposições no país e no estrangeiro, e relacionou-se com vários mestres. Este seu contacto com outros artistas e a exposição frequente das suas obras fizeram-no sair do anonimato, tornando-se a sua arte conhecida e admirada não só na cidade mas por todo o país e, mesmo, além fronteiras.
Em 1977, em reconhecimento do valor da sua obra, abre ao público, em Fajão, um museu que lhe é dedicado. Em 1986, a Câmara Municipal de Coimbra atribuiu-lhe a medalha de Ouro da Cidade.
O génio e a arte aliaram-se no grande homem, padre e artista que foi Augusto Nunes Pereira, para produzirem abundantes e saborosos frutos e para deliciarem os interessados e apaixonados pela beleza e pela arte.
Faleceu a 1 de Junho de 2001, com 94 anos.

3.11.11

Tempo sem Sombras


1989
Aula Magna
Antonio Bernardino
António Portugal, António Brojo, Rui Pato, Aurélio Reis, Luís Filipe.

É o tempo do amor onduloso
É o tempo dos ecos nas veias
É o tempo das aves sem poiso
É o tempo dos rios, contornos precisos
Nas sombras, na areia

É o tempo dos sulcos mal feridos
É o tempo das mãos que se apertam
É o tempo dos vales compridos
É o tempo da vida, na brisa fugida
Às sombras que enredam 

É o tempo dos campos abertos
É o tempo dos rios cantados
É o tempo dos musgos, dos fetos
É o tempo da terra, dos gestos de seda
Nas fontes, nos prados

António Torrado

2.11.11

Igreja de Santiago

Igreja S. Bartolomeu
COIMBRA
Igreja da Colegiada de Santiago 
Erguida antes de finais do século XI, teve uma existência atribulada até aos dias de hoje. O templo definitivo que hoje conhecemos data dos inícios do século XIII, após uma reconstrução provocada pelos danos dos ataques muçulmanos. No século XVI a Misericórdia construiu sobre ela uma segunda igreja e, no século XIX, o alargamento da Rua Ferreira Borges cortou-lhe a ábside e um dos absidíolos na diagonal. Restaurada de forma desastrosa nos inícios do século XX, a reconstituição deixou muito a desejar, ficando com uma fachada atípica com um portal de quatro arquivoltas, com um óculo circular (que foi rosácea) e duas janelas rematadas por um arco de volta perfeita de ambos os lados.
O interior é de três naves e quatro tramos, sem transepto saliente.