30.10.13

António Portugal

      

António Portugal, durante mais de 45 anos, esteve omnipresente em tudo o que se relaciona com a “Canção de Coimbra”.
De 1949 a 1994, criou uma obra ímpar, quer pela qualidade e inovação das suas composições e arranjos, quer pela forma como sabia ensaiar os cantores, e com eles criar uma dinâmica de acompanhamento que o distingue de todos os outros guitarristas do seu tempo. Mas não só: António Portugal deixou, de longe, a mais ampla e completa discografia do Fado e da Guitarra de Coimbra.
Embora de forma esquemática e muito resumida, o percurso musical de António Portugal poderá ser dividido em quatro fases.
A primeira, iniciática, em que António Portugal se aplica na execução e pesquisa da guitarra, e na sua colaboração, já referida, com os maiores e mais importantes nomes da geração de 50.
A segunda, que inicia com a formação do grupo do “Coimbra Quintet, corresponde à transição para a renovação do fado e da guitarra de Coimbra, que culminou com a gravação da “Balada de Outono”, de José Afonso e onde, pela primeira vez ao lado de António Portugal, surge a viola de Rui Pato.
A terceira fase - início dos anos 60 - é fundamentalmente marcada pela canção de intervenção e pelos nomes de Adriano Correia de Oliveira e Manuel Alegre. A “Trova do vento que passa”, de que António Portugal é autor da música em conjunto com Adriano Correia de Oliveira, é o hino e o emblema da resistência ao regime e à guerra colonial.
A quarta e última fase, é também a mais longa: é o período da maturidade e da consagração.
Depois do 25 de Abril, António Portugal, que ao longo dos anos tinha sido um activista político persistente e eficaz na luta contra o fascismo, “trocou” temporariamente a guitarra pela política activa, quer na Assembleia Municipal de Coimbra, quer na Assembleia da República, como deputado.
Ultrapassado o período revolucionário de 1975 - em que a onda de contestação não poupou também as tradições coimbrãs - e com o “regresso” de António Brojo ao gosto e ao gozo da Guitarra, reconstituiu-se o grupo dos anos 50 e foi reiniciada uma actividade de intensa participação, quer em espectáculos em Portugal e por todo o mundo, quer numa série de programas para a RTP, quer ainda a gravação de uma colectânea de 6 LP’s, “Tempos de Coimbra - oito décadas no canto e na guitarra”, onde se registam, para a história - desde Augusto Hilário à actualidade - dezenas de fados e guitarradas, fruto de laboriosa e cuidada recolha.
A sua morte interrompeu o seu último projecto, que vinha realizando com António Brojo, sobre a guitarra de Coimbra: ambos os solistas preparavam um duplo album de guitarradas, em que alternadamente se acompanhavam um ao outro, e que já ia a caminho da finalização.
No dia 10 de Junho de 1994, quando se encontrava no Oriente para actuar com o seu grupo nas Comemorações do Dia de Portugal, o Presidente da República, Dr. Mário Soares, atribui-lhe, em Coimbra, a Ordem da Liberdade.
António Portugal não teve a alegria de ver, e ostentar, essa justíssima condecoração porque, à chegada ao aeroporto de Pedras Rubras, foi vitimado por acidente vascular cerebral, morrendo dias depois, em Coimbra.
Como escreveu o conceituado Rui Vieira Nery, na Revista do jornal “Expresso”, “A morte de António Portugal, encarnação modelar da guitarra coimbrã e de toda a tradição que nela se foi condensando ao longo destes dois últimos séculos, deixa-nos aquela espécie de vazio doloroso que é a de uma perda simultaneamente individual e geral. Perdemos um músico excelente que marcou decisivamente a nossa música popular urbana dos anos 60 e 70, mas perdemos também uma trave-mestra desse universo cada vez mais frágil e mais difuso que é o da guitarra portuguesa e, especificamente, o da guitarra de Coimbra”.

(Portal do Fado)

24.10.13

APRe!

APRe!
Aposentados Pensionistas Reformados

COLÓQUIO INTERNACIONAL - OBJECTIVOS

Os reformados na Europa
Que políticas de investimento social?

Uma iniciativa da APRe! que pretende a abordagem e o debate sobre os problemas que afectam os reformados numa perspectiva comparada, e contribuir para a formação de uma opinião pública europeia favorável ao debate institucional e generalizado, sobre os desafios emergentes nas sociedades modernas. Avaliar a situação dos reformados em diversos países europeus, bem como o futuro previsível dos sistemas e políticas de segurança social, é também um objectivo a alcançar neste colóquio.

Ao nível europeu, o envelhecimento das populações é um fenómeno natural que coloca às sociedades desafios e problemas novos, os quais têm de ser equacionados através de respostas de índole económica e financeira, mas também social, sociológica e até cultural. É necessário encontrar soluções que contribuam para manter a coesão e a solidariedade entre gerações, e não para condenar ao ostracismo aqueles que dão a maior e melhor parte das suas vidas à construção dos seus países e que, quando já não podem trabalhar, passam a ser considerados um peso social insuportável.

Especialistas de países como Espanha, França, Grécia, Reino Unido e Portugal, vão participar neste colóquio. Queremos conhecer melhor a situação de países com situação económica e social semelhante à nossa, em que a problemática das reformas está na ordem do dia, como é o caso da Grécia e da Espanha, queremos avaliar as transformações em curso no âmbito dos sistemas de reformas, como é o caso da França, e queremos conhecer sistemas diferentes do nosso, como acontece na Grã-Bretanha.

26 de Outubro, em Lisboa. 

23.10.13

Aceno


Longe,
Seu coração bate por mim;
E a sua mão desenha aquele afago
Que me sossega inteiro...

Longe,
A verdade serena do seu rosto
É que faz este dia verdadeiro...

Miguel Torga


19.10.13

Lágrimas


Lágrimas

Tanta dor, tanta amargura,
A sulcar faces tão belas 
E tanta água que é pura 
A lavar sujas vielas.

(Armando Goes)