31.1.12

As Mãos


Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.


Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.


E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.


De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.


Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967

27.1.12

Formidável



Fernando Marques, o “Formidável”, foi uma das mais emblemáticas figuras de Coimbra. Cauteleiro e fotógrafo, nasceu em Coimbra, no ano de 1911, onde viria a falecer em 1996.
Coimbra, o seu povo, as suas tradições e os seus recantos, ficaram retratados nos trabalhos fotográficos que realizou durante uma longa vida.
Pedro Dordio chamava-lhe “O Cronista de Coimbra” do século XX. Era membro da Associação Internacional de Imprensa Desportiva e o sócio fundador do Clube Nacional de Imprensa Desportiva.

26.1.12

O Caminho de Ferro de Arganil

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Manuel Dias
21-03-2007
Coimbra - Casa Municipal da Cultura
Apresentação da obra de sua autoria
"A História do Caminho de Ferro de Arganil"
Manuel Dias, no agradecimento às pessoas que vieram «a este magnífico templo da Cultura participar no lançamento da «História do Caminho-de-Ferro de Arganil», primeiro trabalho de investigação que, aos 90 anos, dou à luz, sobre um lendário empreendimento que, se tivesse levado a cabo, teria certamente mudado por completo a fisionomia social e económica duma das mais ricas e belas regiões do país». Considerando a solenidade, «ainda que metaforicamente como uma festa familiar pelo nascimento de um filho que ansiosamente se desejaria», Manuel Dias espera que encontrem nas «modestas páginas desta história sobejas razões para julgarem os responsáveis pelo ostracismo a que Arganil e a sua região foram votados e do qual ainda hoje continuam a ser vítimas». E num simples cumprimento beirão – Bem-Haja – agradeceu a presença de todos.

24.1.12

Brotero

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1633 - 1834
História do Edifício Seiscentista
Durante a primeira fase da sua vida, que se prolongou de 1633 a 1834, o imóvel integrou-se no complexo do Mosteiro de Santa Cruz, prestigiosa e poderosa instituição monacal fundada na primeira metade do século XII que, desde os primórdios da nacionalidade portuguesa, deu um valioso contributo para o prestígio intelectual de Coimbra muito antes de a Universidade ter vindo instalar-se definitivamente na capital do Mondego.
O seu primeiro destino foi servir de Enfermaria dos Frades, e, possivelmente, a todas as pessoas que a ela recorressem, situação normal numa época em que cabiam às instituições eclesiásticas importantes responsabilidades no que se prendia com a assistência dos doentes.
Ainda no tempo dos cónegos regrantes de Santo Agostinho, novas funções se atribuíram a este edifício que foi, também, Biblioteca, Residência do Abade, Hospedaria e Dormitório do Mosteiro, designação pelo qual era conhecido em 1834, ano em que terminou a guerra civil que consagrou a vitória definitiva das forças liberais em Portugal.
(1834 – 1923)
Foi precisamente em 1834 que se iniciou o segundo período da história do imóvel que, na época, contava já com cerca de dois séculos de vida. Nesta data o Ministro liberal Joaquim António de Aguiar, também conhecido pela popular alcunha de “O Mata-Frades”, decretou a extinção das ordens religiosas em Portugal e a nacionalização dos respectivos bens.
Significou isto que os crúzios deixaram de existir legalmente no nosso país, tendo passado para a posse do Estado o seu vasto património, no qual se incluía a casa onde, actualmente, funciona a Escola Secundária de Jaime Cortesão.
Em 1848, depois de algumas hesitações, a Câmara Municipal de Coimbra, a nova proprietária, deliberou utilizar o antigo Dormitório do Mosteiro de Santa Cruz para instalar as crianças enjeitadas, ficando aqui instalada a Roda dos Expostos.
Alguns anos mais tarde, em 1872, a Roda dos Expostos foi extinta ou antes, foi rebaptizada, surgindo no mesmo local o Hospício dos Abandonados.
Já depois da implantação da República, em Fevereiro de 1911, foi extinto o Hospício em que se transformara a Roda e criou-se, por Decreto Governamental, uma Maternidade que teria como incumbência acolher as crianças de tenra idade, proporcionando-lhes, gratuitamente, leite e medicamentos.
Portanto, em 1911, a velha construção seiscentista passou a ser utilizada como Maternidade, transferindo-se a sua tutela para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
(1923 – 1958)
Em 1923 começou uma nova era para o velho Dormitório Fradesco, embora a sua vocação humanística se mantivesse: deixou de ser uma Maternidade/Creche, onde se cuidava do bem-estar dos seus pequenos utentes, para se transformar numa Escola onde se proporcionava formação intelectual e pessoal aos alunos que a frequentavam.
O Estabelecimento de Ensino que veio instalar-se neste edifício foi a Escola Industrial de Avelar Brotero, cujas dependências, situadas junto do claustro do Jardim da Manga, haviam sido destruídas por um incêndio de grandes proporções em Janeiro de 1917.
Entre este ano e 1923, a Avelar Brotero conheceu um período difícil, porque a distância a que ficavam as oficinas (que permaneceram no Jardim da Manga, em barracões provisórios) dos restantes serviços da Escola (instalados, temporariamente, na Casa das Obras Públicas) se reflectiu negativamente no rendimento dos alunos e na própria frequência, que registou uma sensível diminuição.
Para ultrapassar estas dificuldades que atingiam uma prestigiada instituição de ensino de Coimbra, o Governo determinou em Abril de 1923 que a Escola de Avelar Brotero passasse a ocupar o edifício da Maternidade, enquanto esta era transferida para a Casa das Obras Públicas, localizada no terreno onde hoje se ergue a sede da Associação Académica.
Juntamente com a Avelar Brotero foi também transferido para o antigo Dormitório de Santa Cruz o Instituto Industrial e Comercial de Coimbra, tendo as instalações sido partilhadas entre estas duas instituições, a Creche e a 2ª Esquadra da Polícia de Segurança Pública.
A extinção do Instituto Industrial e Comercial de Coimbra, ocorrida em 1926, permitiu a expansão da Escola e, após várias diligências levadas a cabo pela sua Direcção, foi afastada, ainda em 1926, a Esquadra da Polícia.
Finalmente em 1932 foram entregues as dependências ocupadas pela Creche e, desta forma, pôde a Avelar Brotero alargar o seu espaço e instalar condignamente oficinas e outros serviços.
A Escola Industrial e Comercial Brotero ficará neste edifício até 1958, ano em que muda para as novas instalações, situadas no Calhabé, uma vez que o velho edifício já se revelava insuficiente face ao número crescente de alunos que frequentavam a Escola Brotero.
(de 1968/69 aos nossos dias)
A transferência da Avelar Brotero para o Calhabé não implicou o total abandono da sua antiga sede: no ano lectivo de 1968/69, a Escola Industrial e Comercial Brotero volta às velhas instalações, nelas instalando uma Secção que ministrava apenas o Curso Comercial, a chamada Secção da Baixa.
Mais tarde, a 1 de Janeiro de 1972, o edifício passou a ser ocupado por uma nova Escola, entretanto criada, a Escola Técnica de Sidónio Pais, criada pelo Decreto-lei nº 457/71 de 28/10.
Já depois do 25 de Abril de 1974, o Decreto-lei nº 417/76 altera a designação de Escola Técnica de Sidónio Pais para Escola Técnica de Jaime Cortesão, alteração aprovada em Assembleia Geral de Professores.
O decreto-lei nº 80/78, de 27/04, muda a designação de todos os estabelecimentos do ensino secundário, que passam a ter a designação genérica de “Escolas Secundárias”. Deste modo a Escola Técnica de Jaime Cortesão passa a ser designada por Escola Secundária de Jaime Cortesão, que continua a dar vida à vetusta construção e cuja história se procura dar a conhecer através destas breves linhas.
Na actualidade, o edifício continua a abrigar a Escola Secundária de Jaime Cortesão, tendo sido devolvida à Escola a Cantina da Polícia, que durante vários anos funcionou no rés-do-chão.

23.1.12

Mata Frades

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Coimbra
1792-1884
Joaquim António de Aguiar, um destacado politico português do tempo da Monarquia Constitucional e líder do Partido Regenerador, foi por três vezes chefe do Governo de Portugal. Ao longo da sua carreira política, assumiu ainda várias pastas ministeriais, designadamente a de Ministro dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça, durante a regência de D. Pedro nos Açores, em nome da sua filha D. Maria da Glória. Foi no exercício dessa função que promulgou a célebre lei pela qual declarava extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios, e quaisquer outras casas das ordens religiosas regulares, sendo os seus bens secularizados e incorporados na Fazenda Nacional. Essa lei valeu-lhe a alcunha de Mata-Frades.

21.1.12

Solidão

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Canta o galo, à madrugada,
a sua primeira canção.
E há gente ainda acordada
a falar co'a solidão.

Solidão, oh solidão,
estende pr'a mim o teu manto,
escuta a voz de um coração
que ama longe, o seu encanto.
Jorge Dias

19.1.12

Pé Descalço

pé descalço
Regulamento para Coimbra
«Gustavo Teixeira Dias, bacharel formado em Direito pela Universidade de Coimbra, juiz do 1.º juízo criminal do Porto e Governador Civil deste distrito administrativo.
Considerando que se torna indispensável, neste distrito – e, pelo menos nos seus centros mais importantes – reprimir o trânsito na via pública de pessoas descalças;
Considerando que tal medida se impõem, não só em defesa da higiene e saúde pública, mas ainda do bom nome do país, onde não deve continuar esse espectáculo degradante, incompatível com a doçura do próprio clima e já hoje banido de países civilizados;
Considerando ainda que essa repressão se tem feito já, e com resultados apreciáveis, nas duas cidades de Lisboa e Porto;
Atendendo, finalmente, a que não se deve agravar-se, sem justa e indestrutível razão, um aspecto externo de pobreza;
Usando das atribuições que a lei me confere, designadamente, os artigos 185.º e 188.º do Código Administrativo aprovado por Carta de Lei de 6 de Maio de 1878, nesta parte em vigor por força do disposto no decreto-lei n.º 12.073, de 9 de Agosto de 1926;
Tenho por conveniente, com a prévia aprovação do Governo, pelo ministro do Interior, determinar o seguinte:
Artigo 1.º - A partir de 1 de Maio do corrente ano, e na área de Coimbra, é proibido o trânsito de pessoas descalças na via pública.
§ único – Entende-se por área da cidade, para este efeito, a que é ou venha a ser delimitada nas posturas municipais.
Artigo 2.º - As disposições deste Regulamento poderão, contudo, ser aplicadas a outras localidades do distrito, por decisão do Governador Civil.
Artigo 3.º - A transgressão do disposto neste Regulamento será punido com a multa de 50 a 200 escudos. A reincidência será punida com o dobro da pena.
Artigo 4.º - O produto das multas a que se refere o artigo anterior, liquidado na forma legal, dará entrada no cofre do Governo Civil, com destino à assistência pública.»
Governo Civil do Distrito de Coimbra, 24 de Fevereiro de 1934

18.1.12

Brasil

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Brasil
onde vivi,
Brasil onde penei,
Brasil dos meus assombros de menino:
Há quanto tempo já que te deixei,
Cais do lado de lá do meu destino!

Que milhas de angústia no mar da saudade!
Que salgado pranto no convés da ausência!
Chegar.
Perder-te mais.
Outra orfandade,
Agora sem o amparo da inocência.

Dois pólos de atracção no pensamento!
Duas ânsias opostas nos sentidos!
Um purgatório em que o sofrimento
Nunca avista um dos céus apetecidos.

Ah, desterro do rosto em cada face,
Tristeza dum regaço repartido!
Antes o desespero naufragasse

Ente o chão encontrado e o chão perdido

Torga

17.1.12

União de Coimbra

Futebol
Este briosos atletas amadores representaram o União de Coimbra na década de cinquenta do século passado.
Foto cedida por Carlos Falcão.

9.1.12

Cantiga Para Quem Sonha


Quarentuna de Coimbra
Luis Goes e Carlos Carranca

Música: João Figueiredo Gomes
Letra: Leonel Carlos Duarte Neves

Tu que tens dez réis de esp'rança e de amor
Grita bem alto que queres viver.
Compra pão e vinho, mas rouba uma flôr:
Tudo o que é belo não é de vender.
Não vendem ondas do mar,
Nem brisa ou estrelas,
Sol ou lua-cheia.
Não vendem moças de amar,
Nem certas janelas
Em dunas de areia.
Canta, canta como uma ave ou um rio,
Dá o teu braço aos que querem sonhar.
Quem trouxer mãos livres ou um assobio
Nem é preciso que saiba cantar.

Tu que crês num mundo maior e melhor
Grita bem alto que o céu 'stá aqui.
Tu que vês irmãos, só irmãos, em redor
Crê que esse mundo começa por ti.
Traz uma viola, um poema,
Um passo de dança,
Um sonho maduro.
Canta glosando este tema:
Em cada criança
Há um homem puro.
Canta, canta como uma ave ou um rio,
Dá o teu braço aos que querem sonhar.
Quem trouxer mãos livres ou um assobio
Nem é preciso que saiba cantar.

5.1.12

Coimbra Menos

escola1
Escolas Básica Quinta das Flores

Dezenas de crianças que frequentam o primeiro ciclo e o jardim-de-infância das escolas da Quinta das Flores e de Montes Claros voltaram a ficar, hoje, sem almoço, soube o “Campeão”.
Trata-se de uma situação idêntica à ocorrida ontem, porquanto a Gertal, empresa contratada pela Câmara de Coimbra para as refeições escolares, havia distribuído comida insuficiente para o número de alunos.
Questionado pelo nosso Jornal, o vereador da Câmara de Coimbra, João Orvalho, confirmou o sucedido e declarou que já foram pedidos esclarecimentos à empresa de restauração.
O edil remeteu para o dia de amanhã uma tomada de posição sobre este assunto, uma vez que está agendada uma reunião com os responsáveis da Gertal, com o objectivo de tratar de um conjunto de situações que, no seu entender, “não estão a correr da melhor forma”.
Sobre esta matéria, o presidente da Câmara de Coimbra, João Paulo Barbosa de Melo, admitiu, hoje de manhã, que o Município pode recorrer à resolução do contrato com a empresa contratada pela autarquia para o fornecimento das refeições escolares.
O edil reagiu, desta forma, ao facto de as refeições ontem distribuídas, à hora do almoço, não terem chegado para todas as crianças que frequentam o primeiro ciclo e o jardim-de-infância nas escolas da Quinta das Flores e de Montes Claros.
“É uma situação grave e não pode acontecer”, disse Barbosa de Melo.
O autarca defende que a Gertal tem um contrato com o Município, que implica fornecer as refeições nas escolas, a determinadas horas e cumprindo um conjunto de regras que estão bem definidas.
“Há um caderno de encargos que não está a ser cumprido; ou a empresa cumpre o contrato ou a Câmara pode recorrer à sua resolução”, afirmou.
Desde que iniciou a prestação do serviço de confecção e distribuição de refeições para as escolas do primeiro ciclo e jardins-de-infância do concelho de Coimbra, a Gertal tem vindo a ser alvo de várias críticas relacionadas quer com a quantidade quer com a qualidade das refeições.
Uma destas situações foi motivadora de uma queixa apresentada junto da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, por membros do Conselho Geral da Escola Secundária de Avelar Brotero, visando a empresa de restauração por esta se ter recusado a apresentar o livro de reclamações.
(Campeão Online)

4.1.12

Tracção Eléctrica


Eléctricos de Coimbra

Berta Duarte, directora do Museu Municipal de Coimbra, fala sobre os 100 anos do Carro Eléctrico em Coimbra.

3.1.12

Anthero Alte da Veiga


1866 - 1960

Anthero da Veiga, natural de Cerdeira - Arganil, foi estudante de Coimbra, contemporâneo de Hilário. Notável guitarrista, considerado na época o maior do país, foi pioneiro dos concertos de guitarra em Portugal. Afirmava Anthero da Veiga: "A minha orientação é, sobretudo, folclórica, procurando passar a canção popular à forma literária sem lhe alterar o "lied", antes respeitando a sua ingenuidade e singeleza, quando se trata de uma estilização".
Animava as festas dos Santos Populares tendo tocado, em Coimbra, nas “fogueiras” do Largo do Romal e do Mercado do Calhabé.
Desenvolveu, durante a sua vida, uma intensa actividade pública, tendo sido notário, administrador do território, jornalista e diplomata.

1.1.12

Ano Novo



Começamos o ano com o cantar das Janeiras pelo "Grupo de Concertinas de Gois Sem Eira Nem Beira", na companhia do "Rancho Folclórico Serra do Ceira", numa ronda pela Aldeia de Aigra Velha.