2.6.12

União de Coimbra

flaviano
Noventa e Três Anos
Naquela segunda-feira do dia dois de Junho do ano de mil novecentos e dezanove, ainda não se tinham dissipado completamente os fumos dos canhões que fizeram a primeira guerra mundial, quando a Tríplice Entente anunciava às forças derrotadas as condições que estabelecia para a paz. É nesse dia que um grupo de jovens desportistas da nossa Cidade, filhos do povo laborioso, se reunia no Largo de Sansão e fundava o União de Coimbra.
Daí, até aos nossos dias, no decurso destes noventa e três anos, tem sido esta nobre agremiação quem, em Coimbra, mais próxima se encontra daqueles que, distantes dos favores da fortuna e do poder, se acham no legítimo direito de usufruir, como os demais, do gozo dos prazeres e dos benefícios da actividade física, pela prática desportiva, boa conselheira de uma vida saudável e distante dos vícios da sociedade.
O União de Coimbra, no decurso da sua longa existência, foi confrontado com as mais variadas convulsões de natureza política, social e económica que a sociedade foi oferecendo e que estoicamente superou com o esforço e dedicação dos seus apaixonados sócios e simpatizantes. Mas, nem a todos os ataques foi possível resistir mantendo um nível aceitável da sua representação desportiva e uma superior dignidade, correspondentes aos fundamentos da sua criação.
Foi perseguido e amputado dos seus direitos, mesmo por aqueles que tinham o dever da sua preservação. Por mero exemplo, destaca-se o caso da atribuição da sala do bingo, em Coimbra, pela vergonhosa parcialidade do governante de então, Nandim de Carvalho. O Estado, neste caso, precisou de vinte anos para vir dar razão ao União, quando já não havia condições para a exploração daquela actividade. Estima-se que esta “manobra”, para além dos prejuízos de natureza desportiva, terá lesado o Clube em mais de quatro milhões de euros.
Nem o nome que escolheu na sua fundação escapou à importunidade do poder que, em 1946, decretou que este Clube deixaria de se chamar União Futebol Coimbra Clube e seria obrigado a designar-se por Clube de Futebol União de Coimbra.
O União de Coimbra, durante a sua longa existência, prestou à Cidade relevantes serviços que ajudaram à sua afirmação e nunca colheu favores nem réditos que correspondam a uma justa reciprocidade.
A passagem deste aniversário encontra o União de Coimbra numa situação de grande debilidade. A asfixiante situação financeira a que chegou, há alguns anos atrás, conduziu este Clube a uma enorme degradação, visível sobretudo no definhamento do seu eclectismo desportivo e também na sua despatriciada administração.
É tempo de unir as vontades, retomar a normalidade administrativa e encontrar os caminhos mais adequados à regeneração desta instituição, ainda que isso tenha que passar pela criação de outro ente-jurídico que aglutine o mesmo corpo social.
Mãos à obra!
Viva o União de Coimbra! 

Pedro Martins