28.4.12

Lavadeiras do Mondego

pedroflaviano
Noite Serena
Sereno corre o Mondego
Sem fadigas nem canseiras
Beijando muito em segredo
As pernas às lavadeiras

Primeiro ensaboada, depois batida e enxaguada e, por fim, colocada no “barreleiro”, um grande recipiente onde a roupa, já lavada, era posta às camadas, depois tapada com um pano velho, que era coberto de cinzas do lume e, por fim, regada com água a ferver. Era neste "preparado" que a roupa permanecia toda a noite. Não havia nódoa que escapasse! E era para evitar roubos nocturnos que as lavadeiras ficavam na margem do rio, em tendas feitas de pau de oliveira e cobertas de folhas de salgueiro.
Vestidas a rigor, com grandes trouxas de roupa à cabeça e debaixo de um sol tórrido, uma dezena de mulheres atravessa a ponte de madeira que divide as duas margens do rio junto às Torres do Mondego. O sol queima e a caminhada já tem quase dois quilómetros, mas nada as impede de cantar:


"Da Misarela até ao rio
As lavadeiras cantavam ao desafio".

Foi assim, no dia da homenagem às Lavadeiras do Mondego, no mês de Agosto de 2010.

27.4.12

O Amor e o Tempo

pedroflaviano
O Amor e o Tempo

Pela montanha alcantilada
Todos quatro em alegre companhia,
O Amor, o Tempo, a minha Amada
E eu subíamos um dia.

Da minha Amada no gentil semblante
Já se viam indícios de cansaço;
O Amor passava-nos adiante
E o Tempo acelerava o passo.


— «Amor! Amor! mais devagar!
Não corras tanto assim, que tão ligeira
Não pode com certeza caminhar
A minha doce companheira!»

Súbito, o Amor e o Tempo, combinados,
Abrem as asas trémulas ao vento...
— «Porque voais assim tão apressados?
Onde vos dirigis?» — Nesse momento,

Volta-se o Amor e diz com azedume:
— «Tende paciência, amigos meus!
Eu sempre tive este costume
De fugir com o Tempo... Adeus! Adeus! 

António Feijó

26.4.12

Quinta das Lágrimas

pedroflaviano

Quinta das Lágrimas
Autores: José Geitoeira e Pedro Mendes
Interpretação: Grupo de Cordas e Cantares de Coimbra
A Quinta das Lágrimas deve o seu nome às desventuras do romance entre a dama Inês de Castro e o príncipe D. Pedro. A romântica tragédia coloca neste local a morte da bela Inês.
A Fonte dos Amores já aparece documentada pouco depois da morte de Inês de Castro, e integra-se hoje num parque de árvores centenárias, ruínas medievais e neo-góticas, tanques e regatos.

25.4.12

25 de Abril

Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
... tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.

Ary dos Santos

pedroflaviano
http://e-livros.clube-de-leituras.pt/elivro.php?id=otesouro

23.4.12

As Bocas do Mundo


O Velho, o Rapaz e o Burro

Um velho, um rapaz e um burro na estrada.
Em fila indiana os três caminhavam.
Passou uma velha e pôs-se a troçar:
- O burro vai leve e sem se cansar!
O velho então p'ra não ser mais troçado,
Resolve no burro ir ele montado.
Chegou uma moça e pôs-se a dizer:
- Ai, coisa feia! Que triste que é ver!
O velho no burro, enquanto o rapaz,
Pequeno e cansado, a pé vai atrás!
O velho desceu e o filho montou.
Mas logo na estrada alguém gritou:
- Bem se vê que o mundo está transtornado!
O pai vai a pé e o filho montado!
O velho parou, pensou e depois
Em cima do burro montaram os dois.
Assim pela estrada seguiram os três
Mas ouvem ralhar pela quarta vez:
- Um rapaz já grande e um velho casmurro.
São cargas de mais no lombo de um burro!
Então o velhote seu filho fitou
E com tais palavras, sério, falou:
- Aprende, rapaz, a não te importar,
Se a boca do mundo de ti murmurar.


Sophia Mello Breyner

21.4.12

Sou Barco


Mário Rovira

Sou barco abandonado
Na praia ao pé do mar
E os pensamentos são
Meninos a brincar.

Ei-lo que salta bravo
E a onda verde-escura
Desfaz-se em trigo
De raiva e amargura.

Ouço o fragor da vaga
Sempre a bater no fundo,
Escrevo, leio, penso,
Passeio neste mundo
De seis passos
E o mar a bater ao fundo.

Agora é todo azul,
Com barras de cinzento,
E logo é verde, verde,
Seu brando chamamento.

Ó mar, venha a onde forte
Por cima do areal
E os barcos abandonados
Voltarão a Portugal.


António Borges Coelho

20.4.12

Casa com História

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Quinta da Cheira 
Esta casa comercial de mercearia e vinhos, situada na Rua Moçambique (Quinta da Cheira) encerrou difinitivamente.
Teve uma vida de cerca de oitenta anos ao serviço dos residentes deste bairro e não resistiu aos ventos da modernidade.
Foi propriedade do Sr. Pedro Pais e dirigido por sua esposa, D.a Maria (Maria do Pedro). Mais tarde e durante muitos anos foi o Sr. Vigínio Andrade Romão, um deslocado da Alta da Cidade demolida, o seu proprietário. António Fonseca da Silva e sua esposa, D.a Fernanda, completaram o ciclo de vida desta casa.

19.4.12

Coimbra dos Amores



Ondas do Mar

Meu amor vem sobre as ondas
Meu amor vem sobre o mar
Ai quem me dera morrer
Nas águas do teu olhar

Dos meus olhos meu amor
Nascem as ondas do mar
Lágrimas tristes que choro
Saudades do teu olhar

Fernando Rolim

18.4.12

Feira das Cebolas

pedroflaviano

A Feira das Cebolas é uma das iniciativas que mais têm contribuído para a preservação e divulgação dos usos e costumes das gentes coimbrãs.
As raízes da Feira das Cebolas remontam a 1377, quando o rei D. Fernando outorgou à cidade de Coimbra uma feira franca, que se realizava entre 15 de Setembro e 15 de Outubro. Porém, esta data sofreu uma alteração e passou a fixar-se na segunda quinzena de Agosto, altura em que se venera S. Bartolomeu.
A feira realizou-se até ao início de 1960 tendo, depois de um interregno, sido recuperada, em 1986, pelo Grupo Folclórico "Os Camponeses" de Vila Nova de Cernache. Desde então, este grupo continua a trazer à antiga Praça de S. Bartolomeu (actual Praça do Comércio ou Praça Velha) as cebolas, e muita animação, transformando esta festa numa das atracções turísticas mais importantes de Coimbra.
Aos ceboleiros, que durante o dia vendem os seus produtos, juntam-se outro tipo de acções paralelas, como o folclore e a etnografia.

16.4.12

A Madrugada


Grupo Folclórico de Coimbra
O Grupo Folclórico de Coimbra iniciou a sua actividade em 06 de Janeiro de 1986 e fez a sua primeira apresentação pública no "1º Encontro sobre a Alta de Coimbra", que decorreu no Teatro Paulo Quintela da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, no dia 24 de Outubro de 1987.
Funcionou, entre 1986 e 1994, como secção cultural da Casa do Pessoal da Universidade de Coimbra e, em 15 de Maio de 1995, constituiu-se como associação cultural independente com personalidade jurídica.
É uma associação de carácter cultural que tem como finalidades a recolha, o estudo, a reconstituição e a revivência dos costumes e artes tradicionais do povo da cidade de Coimbra e arredores, nomeadamente, nos domínios da poesia, da música, da dança e do trajo.
É orientado desde a sua fundação pelo Professor Doutor Nelson Correia Borges, antigo aluno da Escola Industrial e Comercial de Brotero, nos anos cinquenta, onde fez o Curso Complementar do Comércio. Posteriormente, pela Universidade de Coimbra, é licenciado em História, na pré-especialização de Arqueologia Clássica e Doutorado em História de Arte. Sendo Professor jubilado de História de Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, é académico correspondente da Academia de Belas Artes e fundador de duas associações de defesa do património cultural (GAAC e APDML).

15.4.12

Acrobacia


Zona Habitacional do Calhabé
Antes do início do jogo da final da Taça da Liga, em futebol, realizado no Estádio Cidade de Coimbra, os habitantes desta zona, densamente povoada, foram surpreendidos e aterrorizados pela exibição de manobras acrobáticas por um avião que rasgou um céu de nuvens negras.  

14.4.12

Pela Saúde

pedroflaviano
Manifestantes Reunidos na Portaria dos HUC
Oriundos de vários pontos da região Centro, nomeadamente de Viseu, Leiria, Aveiro e Coimbra, cerca de quatrocentos manifestantes concentraram-se junto da rotunda, na portaria dos HUC, e formaram um cordão humano que, de forma silenciosa, preencheu o passeio até à entrada principal do edifício hospitalar.

12.4.12

Fonte das Lágrimas


Coimbra
Quinta das Lágrimas


"As filhas do Mondego, a morte escura
Longo tempo chorando memoraram
E por memória eterna em fonte pura
As Lágrimas choradas transformaram
O nome lhe puseram que ainda dura
Dos amores de Inês que ali passaram
Vede que fresca fonte rega as flores
Que as Lágrimas são água e o nome amores"

Os Lusíadas - canto III

5.4.12

Artur Paredes


Castelo de S. Jorge - 1980
Variações em sol menor de Artur Paredes
Instrumental pelas guitarras de Frias Gonçalves, Carlos Couceiro, Francisco Vasconcelos e pelas violas de Ferreira Alves e Carlos Figueiredo.