24.6.13

Coimbra - Património de Todos

Coimbra, Universidade, Alta e Sofia 
Património da Humanidade 

Assim é. A cidade e os seus cidadãos conquistaram o direito ao usufruto desta distinção. Coimbra e os conimbricenses estão de parabéns! Estamos! Homens e mulheres que construíram a cidade. Esta Alta e esta Rua da Sofia onde nasceram os Estudos Gerais. Estudantes e mestres. Homens de ofícios. Mulheres de trabalho.
Coimbra é cidade de todos, de nós todos. Nem sempre assim terá sido. Mas Coimbra – património de humanidades é, será, filha de matrimónios de saberes, esperanças, futuros, tolerâncias, liberdades. A Coimbra património da Humanidade é a Coimbra das Repúblicas. E a Coimbra de todos os que foram expulsos da Alta pelo plano de Duarte Pacheco e Salazar, exilados em cumeadas, celas e arregaças. Filhos desta Alta, filhos de Coimbra. Coimbra, património da humanidade, é a Coimbra de barbeiros e marçanos, de operários e alfaiates, de lavadeiras, calceteiros e todos mais que do trabalho trazem o pão. E em tempos modernos é cidade de doutores pelintras, de malas aviadas para paragens distantes, com uns entretantos esmolados em balcões de hipermercados e em “Cal Centers” (modernidade quanto enganas!).
Coimbra de saberes. De investigadores. De obreiros da cultura. De profissionais de saúde. De cerâmicos de louça ímpar. Coimbra de mandadores de fogueiras em noites de santos. Coimbra mater com torre fálica e uma cabra que acorda o rio.
Um rio. Soberbo quando se avista dos montes de ambas as margens. Inchado desde que as águas se sintam em correrias. Ou basófias e mais basófias numa secura que arrepia. Este rio e os amores de Inês e Pedro de vinganças sangrentas.
Coimbra 2013. Cidade de um país ocupado em tempos de barbárie bancária e de servidões ressuscitadas em que contudo há um povo que canta, como num fado cujo destino é fugir a fados e inevitabilidades prescritas à força. E tal como no grito do poeta, a namorar o futuro, se elevam vozes – liberta-te ou morre! Faz de ti e do teu património um dote de humanidade. Cidade livre e de liberdade. Património de pedras, ruas e praças. Património de costumes e culturas. 
Património de um povo que não se rende e no amanhã pode e deve construir uma cidade grávida de humanidade. Território de direitos e de liberdade. 
Parabéns, povo de Coimbra!

Francisco Queirós