6.5.14

Um pardal . . .

Certa tarde, estavam pai e filho no pátio de casa, sentados em um banco em baixo de uma árvore. O filho lia concentrado o seu jornal, enquanto o pai contemplava a natureza. De repente um pequeno pássaro pousou à frente deles. O pai olhou atento e perguntou:
- O que é aquilo?
Então o filho tirou os olhos do jornal, olhou para o pássaro e respondeu:
- Um pardal.
O pai, continuando a olhar o pequeno pássaro, perguntou de novo:
- O que é aquilo?
E o filho novamente respondeu:
- Acabei de lhe dizer pai, é um pardal.
Quando o filho sacudiu o jornal para virar a página, o pássaro se assustou e voou para os galhos da árvore. Minutos depois, o pássaro pousou no chão e o pai questionou novamente:
- O que é aquilo?
O filho, já inquieto, respondeu com grosseria:
- Um pardal! UM PARDAL! Já lhe disse várias vezes, pai, é um PAR-DAL!
O pai, continuando a olhar o pequeno pássaro, pergunta mais uma vez: 
- O que é aquilo?
Então o filho perdeu a paciência e, aos berros, respondeu:
- Por que o senhor está fazendo isso comigo, atrapalhando minha leitura? Por quê? Já lhe disse várias vezes que é um pardal, um pardal, que saco!
Nisso o pai se levantou calmamente e o filho, entre nervoso e curioso, perguntou:
- Aonde o senhor vai?
O pai entrou em casa. Logo depois, retornou com uma velha agenda em suas mãos. Procurou uma determinada página e a entregou ao filho, que começou a ler.
Nisso, o pai lhe ordenou:
- Leia em voz alta!
Então o filho começou a ler a agenda na página aberta pelo pai, que dizia:
- Hoje meu filho caçula, que há poucos dias fez três anos de idade, estava comigo no parque quando um pássaro pousou à nossa frente. Meu filho me perguntou 21 vezes o que era aquilo. E eu lhe respondi 21 vezes, com todo carinho, que era um pardal. E cada vez que ele me perguntava, eu respondia com toda alegria do meu coração, e o abraçava a cada pergunta sentindo-me feliz por perceber que a curiosidade daquele inocente criança demonstrava o quanto meu filho era inteligente!
Foi nesse instante que a ficha caiu e o filho largou seu jornal e abraçou seu velho pai, chorando!
Muitas vezes não temos paciência com nossos pais, achando que eles são chatos, caducos e só querem atrapalhar nossa vida. Esquecemos que foram eles que nos orientaram educaram, socorreram, investiram todo seu tempo, paciência e amor para que pudéssemos, um dia, sermos pessoas de bem. E hoje não temos tempo e nem paciência para tratá-los bem.

(Alaide Possenti e Claudia Barbonaglia)