11.7.11

Coimbra - Censos 2011

 António Rochette

Os dados provisórios do Censos de 2011, conhecidos em fase de comemoração do nono centenário de um foral de Coimbra, obrigam a uma séria reflexão sobre o que tem sido a perda contínua de atractividade por parte da cidade, bem como acerca do que se pretende para o desenvolvimento de um território que, em tempos recentes, se assumia como terceiro concelho de Portugal.
Acontece que, em termos de população, o Município conimbricense já não se encontra nos primeiros 15 concelhos do Continente. Ocorreu, pois, o falhanço de uma política de desenvolvimento sustentado do concelho.
Na realidade, os dados provisórios do Censos / 2011 salientam relativamente ao concelho de Coimbra três pontos fulcrais:
1 - Pela primeira vez desde o recenseamento de 1900, a população do concelho de Coimbra sofre um decréscimo; nunca se tinha observado tal situação, mesmo no crítico período em que a emigração assumiu um peso significativo em termos nacionais;
2 – Na região Centro, onde o policentrismo urbano é cada vez mais assumido, Coimbra, com menos 5 391 habitantes (-3,63 por cento), foi o único pólo urbano do litoral que perdeu população, pois apenas o concelho da Guarda, no interior, perde 1 367 residentes (-3,11 por cento); os concelhos de Aveiro e Leiria crescem, respectivamente, 6,99 e 6,36 por cento, e mesmo os de Viseu e Castelo Branco observaram crescimentos de 6,52 e 0,58 por cento.
3 - Alguns optimistas, numa lógica de fuga para a frente, esforçaram-se rapidamente em justificar a saída de pessoas com a ida para territórios vizinhos (por alguns deles terem apostado, na última década, em oferecer melhores índices de qualidade de vida aos seus munícipes apresentam, de facto, crescimento).
Mas, se se der atenção aos números totais do Município de Coimbra e dos que o rodeiam, verificar-se-á que houve um decréscimo de 5 582 indivíduos, ou seja, um valor superior ao do recuo populacional sofrido pelo concelho conimbricense; caso, compreensivelmente, forem contabilizados os residentes na Lousã (apesar de entre ela e Coimbra haver Miranda do Corvo), então, o valor já é de menos 3 955 pessoas.
É inquestionável tratar-se de algo abusiva a conclusão de que os resultados da demografia no último período intercensitário podem provar o declínio, que todos temos vindo a constatar, do concelho de Coimbra, mas a falta de atractividade que o respectivo território oferece aos seus habitantes e a quem o procura para desenvolver o seu ciclo educativo é por de mais evidente. Todos os anos chegam a Coimbra milhares de jovens estudantes; partem, porém, pois são cada vez mais os naturais da cidade a demandar trabalho noutas paragens.
Não pretendo apontar o dedo a culpados, porque, neste caso, e por esta ou aquela razão, todos os conimbricenses têm culpa. Contudo, não julgo ser possível continuarmos a assumir a postura de avestruz, «enfiando a cabeça na areia»; a busca de uma verdadeira estratégia de desenvolvimento para Coimbra deverá assentar numa lógica de solidariedade e complementaridade com os concelhos vizinhos.

António Rochette
Geógrafo