16.10.12

Adriano


Faz hoje 30 anos que faleceu Adriano Correia de Oliveira
Em Coimbra, participou em várias organizações estudantis, foi solista do Grupo Universitário de Danças Regionais no Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC), e guitarrista do conjunto ligeiro da Tuna Académica.
Em 1960 publicou o primeiro disco, o EP "Noite de Coimbra", a que se seguiu o álbum "Fados de Coimbra", em 1963, em que optou por musicar poemas de outros autores, designadamente, António Cabral, António Ferreira Guedes e Urbano Tavares Rodrigues.
Quatro anos depois, editou um álbum em nome próprio. Foi em 1967 que deixou Coimbra e partiu para Lisboa, onde trabalhou no gabinete de imprensa da Feira Internacional de Lisboa.
Entre 1968 e 1971, editou uma trilogia dedicada à poesia de Manuel Alegre, com os álbuns "O Canto e as Armas", "Cantaremos" e "Gente d'Aqui e de Agora".
Adriano assumiu-se um cantor "politicamente comprometido" e muitas das canções destes álbuns são entoadas em reuniões da oposição clandestina ao regime político, como "O Senhor Morgado", "Cantar de Emigração" e "Como hei-de amar serenamente".
Manuel da Fonseca, falecido há 19 anos, de quem Adriano cantou, entre outros, os poemas "Tu e eu meu amor" e "Tejo que levas as águas", numa entrevista referiu-se ao cantor da seguinte forma: "Era uma voz por onde, naturalmente, escorria a música e a poesia".
Recusando-se a submeter à Comissão de Censura os seus originais, Adriano Correia de Oliveira, durante quatro anos, não gravou, surgindo um novo álbum, "Que nunca mais", só em 1975, que lhe valeu o título de Artista do Ano, pela revista britânica Music Week.
Militante do Partido Comunista Português, Correia de Oliveira participou activamente nas campanhas de alfabetização, após a Revolução de Abril e, em 1979, foi um dos fundadores da cooperativa Cantabril de que faziam parte, entre outros, José Afonso, Luísa Basto e Luís Cília, acabando mais tarde por abandonar esta estrutura, em rota de colisão com a direcção.
Editou ainda os álbuns "Cantigas Portuguesas" (1980) e "Canção do Linho" (1983), fez concertos de Norte a Sul do país, sempre politicamente empenhado.
Aos 40 anos morreu vítima de uma hemorragia no esófago.
Adriano Correia de Oliveira foi "politicamente empenhado em prol dos outros, porque generoso e solidário, e um homem de coragem", afirmou Manuel da Fonseca.
Ao seu nome são indissociáveis temas como "Trova do vento que passa", "O canto e as armas", "Tu e eu meu amor", "Cantar de Emigração", "Canção com lágrimas" ou "Barcas novas".
A discográfica Movieplay Portuguesa, detentora da extinta etiqueta Orpheu, editou, em 2001, a obra completa de Adriano Correia de Oliveira em sete CD, acompanhada por um livro com as letras e poemas que foram musicados por si.