Faz hoje 30 anos que faleceu Adriano Correia de Oliveira
Em Coimbra, participou em várias organizações estudantis,
foi solista do Grupo Universitário de Danças Regionais no Círculo de Iniciação
Teatral da Academia de Coimbra (CITAC), e guitarrista do conjunto ligeiro da
Tuna Académica.
Em 1960 publicou o primeiro disco, o EP "Noite de
Coimbra", a que se seguiu o álbum "Fados de Coimbra", em 1963,
em que optou por musicar poemas de outros autores, designadamente, António
Cabral, António Ferreira Guedes e Urbano Tavares Rodrigues.
Quatro anos depois, editou um álbum em nome próprio. Foi
em 1967 que deixou Coimbra e partiu para Lisboa, onde trabalhou no gabinete de
imprensa da Feira Internacional de Lisboa.
Entre 1968 e 1971, editou uma trilogia dedicada à poesia
de Manuel Alegre, com os álbuns "O Canto e as Armas",
"Cantaremos" e "Gente d'Aqui e de Agora".
Adriano assumiu-se um cantor "politicamente
comprometido" e muitas das canções destes álbuns são entoadas em reuniões
da oposição clandestina ao regime político, como "O Senhor Morgado",
"Cantar de Emigração" e "Como hei-de amar serenamente".
Manuel da Fonseca, falecido há 19 anos, de quem Adriano cantou,
entre outros, os poemas "Tu e eu meu amor" e "Tejo que levas as
águas", numa entrevista referiu-se ao cantor da seguinte forma: "Era
uma voz por onde, naturalmente, escorria a música e a poesia".
Recusando-se a submeter à Comissão de Censura os seus
originais, Adriano Correia de Oliveira, durante quatro anos, não gravou,
surgindo um novo álbum, "Que nunca mais", só em 1975, que lhe valeu o
título de Artista do Ano, pela revista britânica Music Week.
Militante do Partido Comunista Português, Correia de
Oliveira participou activamente nas campanhas de alfabetização, após a
Revolução de Abril e, em 1979, foi um dos fundadores da cooperativa Cantabril
de que faziam parte, entre outros, José Afonso, Luísa Basto e Luís Cília,
acabando mais tarde por abandonar esta estrutura, em rota de colisão com a direcção.
Editou ainda os álbuns "Cantigas Portuguesas"
(1980) e "Canção do Linho" (1983), fez concertos de Norte a Sul do
país, sempre politicamente empenhado.
Aos 40 anos morreu vítima de uma hemorragia no esófago.
Adriano Correia de Oliveira foi "politicamente
empenhado em prol dos outros, porque generoso e solidário, e um homem de
coragem", afirmou Manuel da Fonseca.
Ao seu nome são indissociáveis temas como "Trova do
vento que passa", "O canto e as armas", "Tu e eu meu
amor", "Cantar de Emigração", "Canção com lágrimas" ou
"Barcas novas".
A discográfica Movieplay Portuguesa, detentora da extinta
etiqueta Orpheu, editou, em 2001, a obra completa de Adriano Correia de
Oliveira em sete CD, acompanhada por um livro com as letras e poemas que foram
musicados por si.