21.7.12

Anos Setenta


Canção do Trovador
Autores: Manuel Alegre e António Portugal
Canta: António Bernardino

O Povo da Cidade
No afã do dia-a-dia.
Uma canção, uma trova 
Uma verdade 
E o sorriso de esperança
Que irradia e se renova
Num rosto imaculado
De criança
(pm)

15.7.12

Cerâmica de Coimbra

A cidade de Coimbra e o seu concelho, produz cerâmica há muitos séculos, possuindo mesmo, o mais antigo (1145) documento escrito referente à cerâmica nacional. É também nesta cidade de Coimbra que existem provas documentais, do século XVI, que aprovam e regulam os chamados "malegueiros", nome pelo qual eram conhecidos os artífices que coziam as peças por duas vezes. Com a primeira cozedura obtinham a peça chacotada, depois aplicavam um vidrado, e seguidamente coziam-na outra vez, o que permitia a pintura sobre o vidrado.
Terá sido graças às apreciadas porcelanas da China, que eram trazidas pelas naus dos marinheiros portugueses na época dos Descobrimentos, que surgiram as bonitas peças pintadas a azul e branco por estes "malegueiros".
Nos dias de hoje a faiança pintada nesta região, e que é vulgarmente chamada de "louça de Coimbra", é única em Portugal e representa a tradição oriental e também a influência do estilo árabe. A tipicidade desta "louça de Coimbra" terá sido alcançada apenas nos anos quarenta, quando as antigas sociedades cerâmicas que existiam desde o século XVIII, tiveram a ideia de começar a fazer reproduções de qualidade das faianças setecentistas que se encontravam nos museus e colecções da cidade.

10.7.12

Tertúlias de Verão



Ciclo de Tertúlias de Verão na Brasileira
Objectivos: Numa cidade em que o conhecimento e o debate de ideias fazem parte intrínseca da sua razão de ser e consequentemente do seu Património Imaterial, as Tertúlias deverão voltar a constituir um espaço importante na dinâmica do presente e na construção do futuro de Coimbra.
Nesta fase de apreciação da Candidatura de Coimbra a Património Mundial da Humanidade considera-se particularmente oportuno relançar, de uma forma estruturada e em moldes contemporâneos, as celebres Tertúlias na Brasileira, uma das mais famosas.
Em que consiste: Realização de um Ciclo de Tertulias durante o Verão, em que se debaterão diferentes Temas, de importância relevante para a vida da Cidade. A cidadania, a modernidade e as soluções para o quotidiano serão temas recorrentes.
Destinatários: Toda a população de Coimbra em geral. Comerciantes, gestores de marca, donos de cafés e restaurantes, hoteleiros, agentes de turismo, pequenos e médios empresários, profissões liberais, comunicação social, mas também professores, estudantes, intelectuais e todos aqueles que pretendem uma Coimbra melhor, mais dinâmica, interveniente e capaz de responder aos desafios que se lhe colocam. Não serão esquecidos os antigos componentes das Tertúlias da Brasileira, de algumas décadas atrás.
Metodologia e Formato: 1) Apresentação da Tertúlia e dos oradores convidados 2) Evocação do que eram as Tertúlias na Brasileira, sempre que possível por um componente das Tertúlias de então 3) Tema principal da noite por orador convidado, especialmente qualificado 4) Debate alargado a todos os participantes.
Local e Ambiente: Todas as Tertúlias serão realizadas no Café “A Brasileira” (Rua Ferreira Borges). Sempre que o tempo o permitir na Esplanada ao ar livre. O cenário imparável da Ferreira Borges será local privilegiado para o debate de ideias franco, agradável e construtivo, enquanto se saboreia uma bebida e se degustam os apetitosos doces ali fabricados.
Dia 11 de julho de 2012 - 21h – Como conquistar novos clientes em contexto de crise.
Estes tempos são tempos de crise ou de mudança? Quem são os novos clientes? O que esperam os novos clientes, de nós? Em que é que os novos clientes mudaram? Que novas formas de atuação para os conquistar? Onde estão os casos de sucesso?
Às 21h na esplanada do Café A Brasileira, estando presente como orador convidado Rui Murta (Mestre em Marketing).
Dia 25 de julho – 21h – Programas de apoio à reabilitação do Centro Histórico de Coimbra. Que resultados ao fim de uma década?
Qual a melhor solução para dinamizar a Baixa? Como passar a mensagem de uma Baixa segura? Porque é que a Baixa não vende? Como aproveitar o aumento do fluxo turístico? Como operacionalizar o voluntariado que quer colaborar?
Às 21h na esplanada do Café A Brasileira, estando presente como orador convidado Sidónio Simões, Chefe do Gabinete para o Centro Histórico.

8.7.12

Fado Triste


Raízes de Coimbra
Rui Pato e Humberto Matias - Viola
Paulo Alexandre e Octávio Sérgio - Guitarra 
Canta - Mário Rovira

29.6.12

Coimbra Mais

pedroflaviano
Câmara Reabre Infantário
O Jardim de Infância n.º 1 de Coimbra, na Solum, vai reabrir e regressar à rede pública do ensino pré-escolar, em Setembro próximo, depois de denunciado publicamente o anterior presidente da câmara, Carlos Encarnação, que cedera aquele infantário à Fundação Bissaya Barreto, sem concurso público, quando era membro de um órgão social desta entidade privada.
Barbosa de Melo, o actual presidente da câmara, justificou a reabertura do infantário pelo facto de haver "uma enorme procura de jardins de infância e uma capacidade de resposta muito reduzida".
Esta afirmação contraria totalmente o pressuposto em que assentou o contrato de comodato assinado por Carlos Encarnação e pela presidente da Fundação Bissaya Barreto, Patrícia Viegas Nascimento:"ao nível da pré-primária, já existe, naquele local, uma cobertura de 100%".
Tal pressuposto, que não era suportado por qualquer documento idóneo, abriu caminho ao encerramento do infantário e à transferência das suas turmas para outro centro escolar.
Com esta decisão ficaram sem colocação 83 das 99 crianças ali matriculadas. Para o próximo ano lectivo há 115 inscrições e a reabertura do infantário, que não tem capacidade de resposta para esta procura, garantirá lugar a algumas dezenas de crianças.

28.6.12

Fernando Meireles



Em tempos idos, em Portugal, e em especial em Trás-os-Montes, tocava-se um instrumento, denominado sanfona, que praticamente desapareceu sem deixar rasto. Referido em várias obras bibliográficas e presente na memória de alguns, é hoje novamente usada pelo grupo “Realejo”, de Coimbra, após ter sido retomada a sua fabricação por Fernando Meireles, elemento do referido grupo. Este artífice é o único em Portugal a construir sanfonas e, embora na vizinha Galiza haja outros, o certo é que, devido à qualidade que Fernando Meireles imprime aos seus trabalhos, a quase totalidade das suas encomendas vem precisamente daquela região espanhola.

"Fernando Meireles é um artista e um artesão da mais fina sensibilidade com oficina de violaria posta na cidade de Coimbra (edifício da Associação Académica, instalações da TAUC) desde a década de 1980. Em constante diálogo com construtores e tocadores que regularmente lhe batem à porta, Meireles é sobretudo um sôfrego auto-didacta que tudo tenta experimentar, desde os segredos das madeiras, à invenção de delicadas ferramentas, às gomas e polimentos, aos embutidos manufacturados.
Estudou, construiu e divulgou como ninguém a Sanfona, um instrumento medieval muito popular na Europa, que também se tocava nas ruas de Coimbra. Tem fabricado com elevada qualidade o Cavaquinho, instrumento que está na génese do seu trabalho como construtor. Outra das suas coroas de glória é um Bandolim artesanal, com rosácea na boca e sonoridade excepcional, cujo modelo se acha definido pelo menos desde 2002.
Da Viola Toeira nem vale a pena falar. Não se conhece em Portugal quem a fabrique com mais mimo, delicadeza, fidelidade aos modelos ancestrais e perfeccionismo requintado. Em geral, as produções Meireles apresentam acabamentos muito perfeitos e de grande requinte. Como construtor da Guitarra de Coimbra, Meireles está na linha da frente dos melhores fabricantes. Há tocadores de nomeada que preferem mesmo as guitarras da Oficina Meireles às da Oficina Grácio.
A Oficina de Fernando Meireles não é apenas uma sala comprida com um banco de carpintaria, muita ferramenta e velhos cordofones pendentes das paredes. É uma escola de vida, um recanto ecológico e apaziguador das iras do quotidiano, um local de tertúlia onde o artesão recebe de portas francas.
Não raro, Meireles recebe e vai conversando com os visitantes (quase todos eles admiradores da sua arte) enquanto trabalha. No meio da conversa pode tocar um pouco de sanfona ou de cavaquinho. Numa das vezes que passei na sua oficina fizemos uma brincadeira simpática, eu com uns acordes numa Viola Toeira do Manuel Louzã Henriques e o Meireles no Cavaquinho.
Os preços não são para todos os bolsos, mas a elevadíssima qualidade de Meireles paga-se (isto nada tem a ver com violeiros que, com pouca arte e muita banha da cobra fabricam instrumentos de qualidade duvidosa não se inibindo de praticar preços escandalosos!).
A obra de Meireles tem merecido justa divulgação, inclusive no canal Odisseia da TV Cabo, não sendo demais as palavras que possam alargar o conhecimento público da sua arte."

AMNunes

26.6.12

Fogueiras de S. João



Com a devida vénia, transcreve-se um artigo de Eduardo Proença-Mamede, publicado hoje no Diário de Coimbra. Transporta-nos para a realidade da música e das tradições populares de Coimbra de há, pelos menos, cinquenta anos atrás. Interessante, uma referência à Fonte de S. João, na Arregaça, que não é mais nem menos do que a nossa Fonte do Castanheiro.
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Fogueiras de S. João
De todas as festas e festejos populares do passado, Coimbra era famosa pelas suas Fogueiras de S. João. Santo António, nascido como Fernão de Bulhões em Lisboa, mesmo de fronte da velha Sé, tinha o seu expoente máximo na capital. O S. Pedro comemora-se, em regra, em terras à beira mar. Hoje, o São João é quase um apanágio do Porto, onde o alho-pôrro e as gambiarras-balões lançadas no ar marcaram a diferença e mantiveram a tradição.
A partir da época liberal, com a paz e uma certa prosperidade reinante no país, as tradições populares retomaram um novo fôlego e um novo ânimo. Coimbra, pátria do Padre José Maurício, autor de tanta modinha publicada na década de 1790, no célebre “Jornal das Modinhas”, terra que viu nascer José António Carlos Seixas, filho do organista da Sé Velha, não ficou atrás na composição de músicas populares que os ranchos cantavam noite fora até romarem em grupo à fonte de S. João, para os lados da Arregaça. César Magliano e o maestro José Elyseu (morador na Sé Velha e de uma família de artistas em todos os campos!) são os últimos de uma longa série de que ainda não foi feita história. Esperemos que a exposição de “Os Salatinas”, que estará patente na Casa da Cultura, em Outubro próximo, relembrará mais nomes que se evidenciaram.
Há hoje a tendência grosseira e estúpida de apartar a música e determinar que o Fado-Canção de Coimbra é dos estudantes e não do Povo Coimbrão, como se a música fosse apanágio de uma qualquer corporação ou classe social. Nada de mais errado! No passado, as capas e batinas misturavam-se com os xailes de tricanas e nos pavilhões que se erguiam para o São João, tanto subiam estudantes como futricas para cantar fados e canções para dançar, tanto o futrica organizava uma serenata à sua amada, como um qualquer estudante pinga-amor. O poeta Camilo Pessanha e Afonso Costa, político da 1.ª República, eram produtos de ligações sem casamento entre tricanas e estudantes!
No século XIX e XX, os estudantes chegavam a Coimbra bastante novos e, quando muito, os instrumentos que tinham aprendido era o piano ou o bandolim. A célebre família Paredes, do qual o mais conhecido foi Carlos Paredes eram bengaleiros das Escadas de Quebra-Costas, que também consertavam guarda-chuvas. Nas barbearias eram os barbeiros que tangiam guitarras e violas de modo exímio e eram eles que não só ensinavam aos estudantes, como os acompanhavam nas serenatas que pretendiam fazer. Basta recordar José Fonseca (o famoso Zé Trego!) ou Flávio Rodrigues, já memorado em várias manifestações. Numa casa de média e baixa burguesia Coimbrã era frequente um irmão tocar viola e uma irmã bandolim, quando não era o próprio elemento feminino que tangia a guitarra enquanto o irmão ou irmãos cantavam. Assim era a tradição!
As festas de São João tinham ainda mais esplendor e brilho quando reunidas nos anos pares com as Festas da Rainha Santa, como é o caso este ano. Chegavam a vir romeiros de Penacova e de Soure para Coimbra pelo São João e, sendo o tempo de feição, acamparem em tendas improvisadas nos areais do Mondego (quando os havia!) e só abalarem depois da procissão de domingo para as suas terras. São João e Rainha Santa, a santificada D.ª Isabel de Aragão desde 1516, cumpriam assim o milagre de reunir mais pessoas que qualquer comício político dos nossos dias e, sem dúvida, eram motivo de muito maior interesse que discursos fátuos ou um rol de mentiras gritados ao povo por gente cujos escrúpulos deixa muito a desejar.
E é melhor ficar por aqui. A devoção e o respeito pela Santa Rainha, que casou aos 13 anos em Trancoso com o Rei de Portugal, merece mesmo o silêncio e a meditação que lhe são devidas.

Eduardo Proença-Mamede