30.6.11

Epígrafe para a Arte de Furtar

Zeca
Zeca Afonso


Roubam-me Deus
Outros o diabo
Quem cantarei

Roubam-me a Pátria
e a humanidade
outros ma roubam
Quem cantarei

Sempre há quem roube
Quem eu deseje
E de mim mesmo
Todos me roubam

Quem cantarei
Quem cantarei

Roubam-me Deus
Outros o diabo
Quem cantarei

Roubam-me a Pátria
e a humanidade
outros ma roubam
Quem cantarei

Roubam-me a voz
quando me calo
ou o silêncio
mesmo se falo

Aqui d'El Rei

Aqui d'El Rei.

Jorge de Sena

29.6.11

Balada dos Aflitos

Manuel Alegre

Irmãos humanos tão desamparados
a luz que nos guiava já não guia
somos pessoas - dizeis - e não mercados
este por certo não é tempo de poesia
gostaria de vos dar outros recados
com pão e vinho e menos mais valia.

Irmãos meus que passais um mau bocado
e não tendes sequer a fantasia
de sonhar outro tempo e outro lado
como António digo adeus a Alexandria
desconcerto do mundo tão mudado
tão diferente daquilo que se queria.

Talvez Deus esteja a ser crucificado
neste reino onde tudo se avalia
irmãos meus sem valor acrescentado
rogai por nós Senhora da Agonia
irmãos meus a quem tudo é recusado
talvez o poema traga um novo dia.

Rogai por nós Senhora dos Aflitos
em cada dia em terra naufragados
mão invisível nos tem aqui proscritos
em nós mesmos perdidos e cercados
venham por nós os versos nunca escritos
irmãos humanos que não sois mercados.

Manuel Alegre
(Junho 2011)

28.6.11

Trova do Vento que Passa



Adriano Correia de Oliveira
1942 - 1982

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz. 

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio - é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Manuel Alegre

27.6.11

Pilriteiros

PIlriteiros - Calhabé

Sim, em Setembro, a criançada do Calhabé pendurava-se nos frondosos pilriteiros que se plantavam entre o apeadeiro do Calhabé e a Vila Marini, para colher os pilritos. Eram as bolinhas vermelhas dum fruto massudo que os deliciava.
Foram derrubados há cinquenta anos e venho aqui recordá-los.
PM

*
Pilriteiro que dás pilritos 
Porque não dás coisa boa?
Cada um dá o que tem 
conforme a sua pessoa.

Pilriteiro, os teus pilritos
São por certo coisa boa.
Porque me dás o que tens
És melhor que uma pessoa.

Pilriteiro, de mil pilritos
que entre todas as cores
escolhes a mais clarinha
para pintar as flores.

Guardas o vermelho rubro
que nem sempre diz coisa boa
para os carrapitos de Outubro
que encantam qualquer pessoa.

Bem cantados meus pilritos
Vermelhinhos a brilhar
Se só vieres em Outubro
Podes não l'os encontrar

Ó minha linda menina
Vem agora quer'te ver
Ao solinho de Setembro
Meus pilritos vais colher

26.6.11

Charamba



1979
Tamborileiro
Brigada Vitor Jara

Jorge Seabra, Arnaldo Carvalho, Ananda Fernandes, Joaquim Caixeiro, Né Ladeiras, Amilcar Cardoso e Manuel Rocha

25.6.11

Tomada da Bastilha

ClubedosLentes-Coimbra-1

1920
Coimbra
Clube dos Lentes

Respigos do relato dos acontecimentos, publicado no livro "Coimbra de Capa e Batina", de Carminé Nobre.
"No rés do chão do edifício, onde se encontra a Associação Académica, estava miseravelmente instalada a Casa dos Estudantes. Duas salas e pouco mais. No primeiro andar, amplo e luxuoso, estava o Clube dos Lentes onde os mestres, instalados em confortáveis sofás, jogavam as aristocráticas partidas de voltarete.
Vinham de longe as diligências realizadas pelos estudantes junto da universidade, no sentido de instalar convenientemente a academia universitária. Baldadamente, pois embora se reconhecesse a justiça das reclamações apresentadas, surgiam sempre dificuldades na sua realização. Ansiavam os estudantes da época por uma sede condigna, onde pudessem receber professores, literatos e homens de ciência. Para tanto, desejavam possuir uma biblioteca, uma sala de conferências, de jogos, etc., mas o seu brado, apesar de justo, não encontrou repetidos ecos para lá da Porta Férrea. Resolveram, então, alguns estudantes da época, agir pelos seus próprios meios, e num grupo deles surgiu uma ideia: tomar de assalto o Clube dos Lentes e instalar nas suas salas, a sede da Associação Académica de Coimbra, dando assim realização a uma velha aspiração da Academia. Eram quarenta os conjurados, que cegamente obedeciam ao comité central, constituído pelos estudantes Fernandes Martins, Paulo Evaristo Alves (Padre Paulo) de Direito, Pompeu Cardoso, Augusto da Fonseca (o Passarinho) e João Rocha de Medicina. Em sucessivas reuniões, o comité central foi afinando o plano de assalto. Uma delas realizou-se na Torre de Anto onde a nostalgia de António Nobre pairava ainda em fortes traços de lirismo. Uma noite, à luz mortiça de um lampião de azeite, velha relíquia de antigas gerações, o comité central deliberou, definitivamente, fazer o assalto no primeiro dia de Dezembro, comemorando o feito histórico de igual data, em 1640. Porém, um dia depois chegou ao conhecimento do comité a notícia, fundamentada ou não, de que a Reitoria apesar de todo o sigilo havido nas diligências já realizadas, tinha conhecimento do que pretendia fazer-se, e procurava evitá-lo, inclusivamente auxiliada pela intervenção da força pública. Uma reunião de urgência levou o comité revolucionário a precaver-se contra qualquer surpresa da Universidade e, assim, deliberou antecipar o movimento e marcar a sua realização para a madrugada de 25 de Novembro.
Chegou a noite. O bairro latino afogava-se em penumbras. Numa casa antiga e em volta de uma mesa escalavrada, reuniu pela última vez o comité. Nessa noite, o Clube dos Lentes deixaria de existir na casa da Rua Larga.
A chuva caía em bátegas, e como se receasse o êxito desta diligência, que tinha de principiar pelo escalamento da Porta de Minerva, logo Augusto Fonseca, tranquilo e sorridente, destrui essa preocupação, afirmando: "a Torre é connosco". Vem a propósito dizer, que a agitação política daquela época, estendia a sua paixão até aos espíritos mais humildes. E foi certamente por isso, que o serralheiro Alfredo Garoto, com oficina na rua das Covas, ao ser peitado em confidência para fazer as chaves falsas, se apercebeu de que alguma coisa de muito sério se ia passar. E nesta convicção, interrogou em meia voz:-É contra os talassas? Se é, faço tudo de graça. Não foi contra os talassas, mas as chaves ainda hoje estão em dívida. Às 6 e 45 da manhã, a explosão de um morteiro sobressaltou a cidade e os estudantes que se encontravam na Torre ficaram assegurados que o assalto estava consumado. Repicaram os sinos e logo uma girândola de 101 tiros, lançada das varandas do antigo Clube dos Lentes, tornado naquele momento Associação Académica de Coimbra, chamou a Academia à realidade da conquista. Acorreram os estudantes de todos os lados da cidade. Nas primeiras impressões Coimbra julgou tratar-se de um movimento político. O dia 25 foi de festa rija para a Academia. Ao rasar da noite, partiu da Alta com destino à Baixa - a via sacra do estudante - uma marcha luminosa (hoje recordada como o cortejo dos archotes) com milhares de pessoas, pois a cidade associou-se. E quando outra madrugada rompeu ainda no bairro latino se ouvia o grito heróico da conquista:- Viva a Academia! Era ao tempo Presidente da República, o grande tribuno e eminente cidadão Dr. António José de Almeida, Presidente do Concelho Dr. Álvaro de Castro, e Ministro da Instrução Dr. Júlio Dantas, a quem a Academia enviou a comunicação telegráfica de que se encontrava instalada na sua nova sede, manifestando também, o seu mais ardente desejo na constante prosperidade de Portugal. Estas três individualidades, desconhecendo o que se passava e julgando, possivelmente que a Academia de Coimbra se instalara pacificamente e com conhecimento da Universidade na sua nova sede, responderam aos cumprimentos recebidos, retribuindo calorosamente e desejando todas as felicidades à esperançosa Academia de Coimbra."

24.6.11

Epigrama



Poema - David Mourão Ferreira
Música - Francisco Martins
Canta - José Miguel Batista
Guitarra - Francisco Martins
Viola - Rui Pato

___________________

Eu vi a eternidade nos teus dedos!
Eu vi a eternidade, e amedrontou-me
Saber, tão de repente, tais segredos.
Eu não mereci, sequer, saber-te o nome.  

Eis o que espanta: ainda nós sabemos
os gestos rituais de despedida!
E, tarde ou cedo, à noite adormecemos,
embora sem a alma adormecida. 
David Mourão Ferreira

23.6.11

Coimbra

UnivCoimbra

2000 Anos de História
A cidade que hoje é Coimbra teve o seu primeiro núcleo de povoamento no cimo da colina da Alta. A posição estratégica e dominante para isso concorreu. Se não faltam conjecturas quanto à ocupação pré-histórica deste sítio privilegiado, é na época romana que começam as certezas. O povoado de Aeminium – nome romano de Coimbra – tornou-se uma cidade com seu centro vital no fórum, construído sobre larga plataforma apoiada em espectacular criptopórtico. O perímetro da urbe não seria muito grande, nem mesmo ocuparia a superfície que mais tarde as muralhas medievais vieram a definir.
As invasões bárbaras trouxeram a perturbação. Álamos, Suevos e Visigodos dominaram a cidade. Mas os Visigodos restabeleceram o equilíbrio e a prosperidade. Aeminium cresce de importância, torna-se capital regional e sede de bispado de Conímbriga. 
A chegada dos Muçulmanos a Coimbra valorizou a região com a introdução de novas sementes, árvores, novos processos de cultura e de exploração do solo. Muitas terras dos arredores os recordam nos seus nomes: Alcarraques, Alcabideque, Almalaguês. 
A reconquista cristã definitiva teve lugar em 1064, por Fernando Magno, rei de Leão. Coimbra torna-se a capital de um vasto condado cujo território se estende desde o Douro até à fronteira sarracena, tendo o mar como limite ocidental. O seu governo foi entregue ao moçarabe Sesnando, que praticou uma notável política de valorização económica e de povoamento.
Coimbra era uma cidade florescente quando o conde D. Henrique e a rainha D. Teresa dela fizeram a sua residência predilecta. A história de Coimbra é indissociável da de Portugal, sobretudo durante a primeira dinastia. Nesta cidade nasceram D. Sancho I, D. Afonso II, D. Sancho II, D. Afonso III, D. Afonso IV, D. Pedro I e D. Fernando. Aqui se gizaram os planos de grandes lutas nacionais.
Coimbra do românico e do gótico ergueu templos que permaneceram e são o orgulho da cidade – Sé Velha, Santiago, S. Salvador, Santa Clara a Velha.
O século XVI trouxe a Coimbra a instalação definitiva dos Estudos Gerais, ponto de partida de grandes transformações. A par da instituição oficial, inúmeros colégios universitários se fundaram na cidade, a expensas das diversas ordens religiosas, para alojarem os seus membros que aqui vinham em busca do saber e dos graus académicos. A sua obra capital foi a abertura da Rua da Sofia, a mais nobre e de maior renome em Portugal até ao século XVIII, ainda hoje uma das melhores artérias de Coimbra. Sofia significava saber, ciência, e de facto aí se concentrou grande número de colégios.
Os burgos vizinhos de Celas e Santa Clara, que se haviam formado à sombra dos mosteiros, desenvolveram-se também. Este surto de novas ruas e construções, na cidade, foi acompanhado por uma substancial alteração da sua demografia. Dos 5200 habitantes no ano de 1527, passou-se para 10.000 em 1570. O aumento não se deve apenas aos estudantes vindos para a cidade mas, igualmente, a todo um conjunto novo de pessoas ocupadas na prestação de serviços necessários à permanência de mestres e alunos.
O rosto de Coimbra quinhentista irá manter-se com poucas alterações até finais do século XIX. Uma pequena excepção: as obras operadas pelo Marquês de Pombal que levaram ao desaparecimento do castelo, à criação do Jardim Botânico e rasgaram a praça que hoje tem o seu nome.
A extinção das ordens religiosas em 1834 em muito contribuiu também para alterar o viver citadino. Basta dizer que as casas religiosas, incluindo conventos, mosteiros e colégios das respectivas ordens, perfaziam em Coimbra o número de 33.
O desenvolvimento da pequena burguesia, o começo da industrialização, vão possibilitar o crescimento da cidade. Em 1867 inaugura-se o Mercado D. Pedro V. Inicia-se a urbanização da Quinta de Santa Cruz cujo fundo do vale se viu transformado, a partir de 1889, na mais larga e bela das vias da nova Coimbra, a Avenida Sá da Bandeira. Ao cimo, planeou-se a grande Praça de D. Luís, agora Praça da República, para onde se rasgaram ruas convergentes. 
Neste século XX, Coimbra aí está, herdeira de um passado a que não pode voltar costas sob pena de deixar de ser ela própria, crescendo entre desequilíbrios nem sempre fáceis de resolver, por vezes à custa do sacrifício do seu património histórico.
A Alta, essa sofreu o mais rude golpe que uma cidade pode sofrer, a destruição quase completa, para se edificarem os novos edifícios universitários. Foi como se os bombardeamentos da segunda guerra mundial se tivessem abatido sobre Coimbra. As demolições iniciaram-se em 1943 e em lugar das ruas cheias de história, vida, tradição e poesia, ergueram-se as novas faculdades.
O burgo de Santa Clara é outro pólo de desenvolvimento, onde se estabelecem indústrias, desde finais do século XVIII. Santa Clara constituiu o primeiro núcleo de industrialização de Coimbra.
No presente, Coimbra expandiu-se, envolvendo no seu seio lugares dispersos da periferia. Sítios onde, não há muitos anos, eram terrenos de cultivo, povoados rurais, são hoje zonas urbanizadas: o Calhabé liga-se ao Tovim; a Quinta do Flaviano deu origem à Solum; a Quinta das Flores, a Quinta da Cheira, o Pinhal de Marrocos, a Portela e o Areeiro, fazem a sua entrada na cidade.

22.6.11

Desporto



I Torneio Cidade de Coimbra
Futebol «» Veteranos
União Coimbra - Norton Matos

20.6.11

Lusitano



1961 - Coimbra
Esta equipa de futebol popular, dos anos sessenta, era constituida por rapazes do Calhabé que, neste dia, se deslocaram a Barreira (Condeixa) para disputar um jogo com a equipa local.
O nome, Lusitano, carrega o agradecimento ao Lusitano de Évora, então na Primeira Divisão, que ofereceu os equipamentos.

19.6.11

Cavalo Selvagem

Motorizada - Sachs

Testemunho da destruição do Cavalo Selvagem, com o início das obras de construção do Bairro das Caixas de Previdência.
Na minha Sachs, dou boleia ao amigo Carlos Viana.

17.6.11

Causas



Vamos lá, senhores de política, dediquem também alguma atenção ao elo mais fraco da nossa sociedade. Foram eles, os decisores políticos de há 30 anos, os responsáveis por esta situação, por não terem agido no momento próprio. 

14.6.11

Fogueiras de Coimbra

Largo do Romal

Ó amor dá-me os teus braços
Qu'eu dou-te o meu coração;
Ando presa por abraços
Fogueiras do S. João 

As Fogueiras faziam-se em largos e ruas de toda a cidade. Enfeitava-se o recinto, cravando-se ao centro um pinheiro ou mastro alto donde partiam festões de verdura para outros mastros em volta, ou para as paredes das casas próximas, tudo enfeitado com bandeiras e balões de papel. Ao centro, geralmente num pequeno estrado ou palanque, ficavam os tocadores e em volta dançava a rapaziada, que as modas das Fogueiras são todas dançadas de roda...
Nas Fogueiras mais espontâneas e populares nada era preparado. Apenas se exigia que as pessoas soubessem cantar e obedecessem às ordens «berradas» pelo mandador. Sem mandador não havia Fogueira que prestasse. Ele é que indicava a coreografia e as «figuras» a executar: Roda à direita! Ao contrário, palmas! Mulheres dentro! E eu virei! Meia volta! Chegadinho! Tudo certo! Havia mandadores famosos. Cada Fogueira competia com o seu. O mais conhecido de todos deve ter sido o António Calmeirão, sapateiro, cujos ditos pitorescos animavam dançadores e assistência e às vezes feriam os ouvidos mais delicados.
E lá andavam até de madrugada, cantando e bailando o Marinheiro, o Trevo, a Amendoeira, o Maneio, a Padeirinha, o Balancé, o Gabriel, a Bonequinha, o Preto, as Carvoeiras, e tantas outras modas que seriam longo enumerar. Na mais vezes entoada e dançada, dizia-se: 

Fogueiras do S. João,
O que elas vieram dar:
Roubaram o meu amor
Na maior força de amar! 

Nos tempos de hoje, no Largo do Romal, a tradição é ainda seguida. 

Vindima



2008
Podentes

13.6.11

Fonte dos Amores

FontedosAmores
Quinta das Lágrimas 

As filhas do Mondego, a morte escura
Longo tempo chorando memoraram
E por memória eterna em fonte pura
As Lágrimas choradas transformaram
O nome lhe puseram que ainda dura
Dos amores de Inês que ali passaram
Vede que fresca fonte rega as flores
Que as Lágrimas são água e o nome amores

Luis de Camões

Samaritana



António Bernardino
Guitarra: António Portugal e António Brojo
Viola: Aurélio Reis e Luís Filipe Rôxo

12.6.11

Homero Costa Fernandes

Photobucket

A cachopada da minha geração, do Cavalo Selvagem, bem o conheceu e com ele conviveu naqueles tempos em que por ali fizemos as nossas futeboladas e algumas inocentes patifarias.
Foi muito difícil para ele e outros, nesse tempo, sentir a marca do despotismo pidesco duns tipos que nós bem conhecíamos e que perseguiam, marginalizavam e "calcavam" aqueles putos, filhos duns descamisados sem instrução, serviçais e trabalhadores braçais. Ainda bem que esse tempo, o tempo da criadagem, já acabou!
O facto de ser coxo nunca o impediu de jogar o futebol no Cavalo Selvagem, sendo até um bom guarda redes das nossas peladas. Era um entusiasta e envolvia-se nas actividades desportivas desenvolvidas no Bairro.
O "Centro", organizava anualmente uma prova de atletismo que compreendia algumas "voltas" ao Bairro e era participada por grupos e organizações desportivas populares. Participou também em provas semelhantes no exterior, a mais interessante das quais se realizava em Quiaios. Eu próprio fiz parte das equipas do "Centro" nessas competições. O Homero, que morava no Casal do Galo (na zona onde hoje se situa o Continente), passava os dias no Bairro e era quem organizava a nossa representação, nos acompanhava nos treinos e nestas provas atléticas quando nos deslocávamos.
Uma curiosidade: o Homero era um coxo que, como bom representante da "classe", estava treinado com os expedientes necessários à sua defesa em caso de "emergência". Um dia, quando jogávamos o hóquei (com o troço da couve), junto à casa do Prof. José Maria Gaspar, apareceram lá dois polícias para acabar com o jogo. A rapaziada correu quanto foi possível para se safar e o Homero, não podendo correr, aproveitou a fixação dos guardas no pessoal em fuga e escondeu-se, logo ali, nuns arbustos que marginavam o passeio. Os polícias, desesperados com a nossa escapadela perguntavam-se, a um metro de distância do "Mero": onde estará o coxo?
Nesse tempo, tal com o Homero, também o Mário Busano, o João Maria, o Tim Tim, entre outros, brincavam ali comigo. Já todos partiram.
PM

Fado Para Um Amor Ausente



1989
Aula Magna
Música de António Portugal, letra de Manuel Alegre.
Luis Marinho, António Portugal, António Brojo, Rui Pato, Aurélio Reis, Luis Filipe.

11.6.11

Feira Medieval

bizilius - Feira Medieval Coimbra

Bazilius - Mendigo e Profeta
Figura ímpar, marcante neste certame, aqui retratado no decurso da 20.ª Reconstituição da Feira Medieval de Coimbra, hoje realizada na Sé Velha.

10.6.11

Gondramaz



Aldeia de Xisto - Miranda do Corvo
Gondramaz distingue-se pela tonalidade específica do xisto que nos envolve da cabeça aos pés. Até o chão que se pisa é exemplo da melhor arte de trabalhar artesanalmente a pedra. Esta é, aliás, terra de artesãos cujas mãos hábeis criam figuras carismáticas que são marca da serra e que levam consigo o nome do mestre e da aldeia além-fronteiras.
Situada na vertente ocidental da Serra da Lousã, a paisagem que envolve Gondramaz é uma obra de arte da Natureza. Há nas ruas desta Aldeia uma fina acústica que nos desperta todos os sentidos. Dentro das suas ruas a voz das pessoas torna-se mais nítida e convidativa. São pessoas que partilham a comunhão e a versatilidade de uma nova opção de vida cheia de garra e de sonho. Pode dormir e comer no Pátio do Xisto.

Concerto de Música

Conservatorio Música

Conservatório de Música de Coimbra. 
Concerto para Alunos Finalistas. Acesso gratuito.

Conímbriga



Montagem audiovisual que compreende os edifícios mais importantes da cidade romana de Conímbriga: Forum Flaviano, Termas do Sul, Casa dos Repuxos, Casa dos Esqueletos, Casa de Cantaber e Ínsua do Vaso Fálico.

9.6.11

3.6.11

Utopia



Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
Gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo, mas irmão
Capital da alegria

Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
É teu a ti o deves
lança o teu desafio

Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso, a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio, este rumo, esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?

José Afonso