Coimbra
Em Junho e Julho de 1913, esteve à discussão no Congresso da República um projecto de lei da comissão do orçamento do ministério do interior, para a dissolução e encerramento da Universidade de Coimbra. Em 28 de Junho este projecto de Lei foi rejeitado, aparecendo no seu lugar o “desdobramento” da faculdade de direito, que não estava anteriormente previsto.
A reacção em Coimbra foi enorme, independentemente da rejeição da proposta de encerramento da Universidade, os comerciantes também viam no desdobramento o fim económico da cidade.
No dia 29 de Junho, a comissão distrital depõe o seu mandato ao Governador-Civil (João de Deus Ramos). Nesse mesmo dia, a Associação Comercial de Coimbra, reúne-se e vota por unanimidade o encerramento de todos os estabelecimentos comerciais e industriais da cidade.
No dia 30 de Junho a praça de Coimbra suspende todos os pagamentos.
No dia 1 de Julho a greve é geral e Coimbra está totalmente paralizada tal como noticia o Diário de Noticias de 3 de Julho: "a cidade mantém os seus estabelecimentos comerciais e industriais encerrados, tendo-se estendido a greve a outras classes que ainda ontem não se tinham declarado."
A associação de artes-gráficas resolveu não deixar que se publicassem os jornais desta cidade e encerraram todas as tipografias. Paralisou o serviço dos eléctricos, luta-se com a impossibilidade de obter meio de transporte, quer dentro da cidade, quer para viagem. Muitos operários da construção civil estão em greve; também o estão os das obras municipais excepto das águas e gás. Vêem-se muitas bandeiras a meia-haste. Foram queimados, no Largo Miguel Bombarda muitos exemplares de um jornal de Lisboa afecto ao governo.
Cartas Portuguesas