31.12.11
Basófias
Capas Negras
Mondego chora por mim
As lágrimas que eu sei de cor
O que há-de ser de mim
Se já não sei do meu amor.
Mondego chora por fim
As lágrimas que minh'alma tece
Pois parece que não tem fim
A solidão que me amanhece.
Mas hoje seca teu pranto
Ergue os olhos levanta a voz
Que nascerá de nosso canto
Que nos fará não sentir sós.
Eduardo Filipe
30.12.11
A Fonte dos Amores
Eis os sítios formosos, onde a triste
Nos dias d’ilusão viveu ditosa;
Eis a fonte serena, e os altos cedros
Que os segredos d’amor inda lhe guardam.
Oh! Quantas vezes, solitária fonte,
Após longo vagar por esses campos
Do plácido Mondego, nestas margens
A namorada Inês veio assentar-se,
E ausente de seu bem carpir saudosa,
Aos montes e às ervinhas ensinando
O nome que no peito escrito tinha!
E quantas, quantas vezes no silêncio
Desta grata soidão viste os amantes,
Esquecidos do mundo e a sós felizes,
Nos êxtases da terra os céus gozando!
Pobre, infeliz Inês! breves passaram
Os teus dias d’amor e de ventura.
Ao régio moço o moço renderas,
E o que em todos é lei, em ti foi crime.
Eis do bárbaro pai, do rei severo,
Se arma a dextra feroz, ei-lo que aos sítios
Onde habitava amor conduz a morte.
Distante do teu bem, ao desamparo,
Ai! não pudeste conjurar-lhe as iras.
Debalde aos pés d’Afonso lacrimosa
Pediste compaixão; debalde em ânsias
Abraçando teus filhinhos inocentes,
Os filhos de seu filho, a natureza
Invocaste e a piedade: a voz dos ímpios,
Dos vis algozes, te abafou as queixas,
E o cego rei te abandonou aos monstros.
Ei-los a ti correndo, ei-los que surdos
Aos ais, aos rogos que tremendo soltas,
No palpitante seio cristalino,
Que tanto amou, oh bárbaros! os ferros,
Os duros ferros com furor embebem.
Prostrada, agonizante, os doces filhos
Por derradeira vez unes ao peito,
E de teu Pedro murmurando o nome,
Aos inocentes abraçada expiras.
Inda, infeliz Inês, inda saudosos
Estes sítios que amavas te pranteiam.
As aves do arvoredo, os ecos, brisas,
Parecem murmurar a infanda história;
Teu sangue tinge as pedras, e esta fonte,
A fonte dos amores, dos teus amores,
Como que em som queixoso inda repete
Às margens, e aos rochedos comovidos,
Teu derradeiro, moribundo alento.
Soares de Passos
29.12.11
Em Coimbra Serei Tua
Né Ladeiras
Três luzes acesas
Serão o meu sinal
Quando me cantares
A serenata dos teus desejos
Guitarras tremendo baixinho
À noite naquele choupal
Em Coimbra serei tua
Em Coimbra serei tua
Num barco sòzinho
Desceremos o Mondego
Quando me cantares
A serenata dos teus desejos
Guitarras tremendo baixinho
À noite naquele choupal
Em Coimbra serei tua
Em Coimbra serei tua
Serão o meu sinal
Quando me cantares
A serenata dos teus desejos
Guitarras tremendo baixinho
À noite naquele choupal
Em Coimbra serei tua
Em Coimbra serei tua
Num barco sòzinho
Desceremos o Mondego
Quando me cantares
A serenata dos teus desejos
Guitarras tremendo baixinho
À noite naquele choupal
Em Coimbra serei tua
Em Coimbra serei tua
28.12.11
Rua da Sofia
Coimbra
Em 1500, Frei Brás de Braga, um homem despótico e firme nas suas convicções, presidia aos destinos do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.
A ele se deve a abertura da rua da Sofia, ou Rua da Sabedoria, que, com 15 metros de largura, era a mais larga do país naquele tempo.
A Rua da Sofia, aberta segundo o modelo parisiense da Rue de Sorbonne, iria servir de suporte aos colégios que as diversas ordens religiosas deveriam erguer em Coimbra, na sequência do estabelecimento definitivo da Universidade, na cidade, em 1537.
27.12.11
26.12.11
Coimbra Mais
Carlos Ferreira
"Coimbra Mais" vai para Carlos Alberto Ferreira, o dinâmico Presidente da Junta de Freguesia de Castelo Viegas, que vem fomentando a recuperação do plantio da tradicional e afamada couve de Castelo Viegas.
Num acto de generosidade para com aqueles que mais precisam, procedeu na véspera de Natal, pelo segundo ano consecutivo, à distribuição gratuita, na baixa da cidade, do produto da horta comunitária que instalou naquela freguesia.
Um bom exemplo de pobres a ajudar pobres.
Bem Haja!
Num acto de generosidade para com aqueles que mais precisam, procedeu na véspera de Natal, pelo segundo ano consecutivo, à distribuição gratuita, na baixa da cidade, do produto da horta comunitária que instalou naquela freguesia.
Um bom exemplo de pobres a ajudar pobres.
Bem Haja!
25.12.11
Concerto de Música
À Meia Noite ao Luar
Concerto Coral com Orquestra
Antigos Orfeonistas e Orquestra Clássica do Centro
24.12.11
Contos de Fajão
O BURRO MATA-LOBOS
Era uma vez um almocreve que tinha um burro já velho e podre e queria desfazer-se dele. Então, quando vinha das Voltinhas para cima, vinha tocando o burro e dizendo: arre burro, mata-lobos, vai à serra e mata-os todos. O Pascoal, que andava na sua propriedade no Reboludo, ao ouvir aquilo, veio à pressa para a vila, e reuniu com todos os donos de rebanhos, para comprarem o burro que matava os lobos.
Todos concordaram em comprar o burro e foram ter com o almocreve, para ver quanto é que ele queria pelo animal. O almocreve o que queria era vendê-lo, mas fez-se rogado, para lhe render mais. Por fim assentaram no preço: trinta mil réis e uma carga de presuntos. E lá compraram o burro que matava os lobos. Então formaram entre todos uma escala, para cada dia lá ir um prender o burro no alto da serra. Como não havia árvores levavam uma estaca e uma corda comprida, para o burro, de noite, apanhar os lobos. O que lá foi no primeiro dia não espetou bem a estaca. Alta noite os lobos atacaram o burro, e ele foge espavorido para a vila, arrancando a estaca e arrastando a estaca, até chegar ao adro da igreja. Por acaso a porta da igreja estava aberta, e o burro refugiou-se lá dentro. Mas um lobo que vinha a persegui-lo entrou também, e o burro deu a volta pela capela-mor e saiu pela porta principal. Como levava a corda de rastos, e a estaca atravessada na ponta da corda, a estaca fechou as duas meias portas, de modo que o lobo ficou fechado dentro da igreja. Ora naquele tempo a corda do sino era uma videira comprida, ainda com folhas verdes. O burro, coitado, estava cheio de fome e começou a roer as folhas da videira, e o sino começou a tocar. E quanto mais o burro roía, mais o sino tocava. Acorda todo o povo que, espavorido, acorre ao adro. Ao verem aquele espectáculo, ficaram pasmados e disseram: ai que inteligência! Abençoado dinheiro que a gente deu pelo burrinho! Mete o lobo na igreja, fecha-lhe a porta e toca o sino para a gente ver a inteligência dele!
Depois foram buscar uma escada, subiram ao telhado, desviaram as telhas e, com o auxílio da luz da lâmpada, viram lá em baixo o lobo. Então o Pascoal desceu ao coro, e não esteve com meias medidas: pegou num arado, (porque era no coro que guardavam os arados e as grades), pegou portanto num arado e pô-lo ao ombro, para o atirar para cima do lobo. Mas esqueceu-se de lhe tirar o chavelhão, de modo que, ao atirar o arado, o chavalhão prendeu-se ao pescoço ou ao fato do Pascoal, e lá vai ele do coro abaixo juntamente com o arado.
Então começaram todos a gritar: ai que lá come o home o lobo!
Resolveram então abrir as portas da igreja, enquanto outros se preparavam com enxadões, sacholas e forquilhas para apanharem o lobo. Mas não tiveram sorte, porque o lobo, quando apanhou a porta aberta, deu um salto por cima deles, mijando-lhes até para cima, e ó patas, para que te quero.
23.12.11
Natal dos Simples
Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras
Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas
Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte
Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra
Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza
Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura
Zeca Afonso
21.12.11
Fontanário
Após alguns precalços, peça que abastecia água na Alta desde o início do século XX voltou ao local de origem, desta vez para fazer as delícias e matar a sede aos turistas
A história é longa e remonta ao início do século XX. Tem vários episódios, uns mais felizes, outros mais tristes. Na década de 80 deixou de funcionar, em 2006 foi destruído por um automóvel. Mas, ontem, assistiu-se ao final feliz do fontanário da Sé Velha, com uma cerimónia simbólica em que, pela mão dos presidentes das juntas das freguesias da Sé Nova e da Almedina a água voltou a jorrar das douradas torneiras daquela peça da história da cidade.
«Esta é um momento que vale pelo simbolismo que tem esta peça para as pessoas da Sé Nova, de Almedina e para a cidade», sublinhou Carlos Lopes, acompanhado por Helder Abreu, que se congratulou por ter sido possivel fazer «renascer uma coisa que estava atirada para o esquecimento» mas que, neste momento, pode ser mais um atractivo turístico para a zona da Sé Velha.
DC
20.12.11
Natal
Natal divino ao rés-do-chão humano,
Sem um anjo a cantar a cada ouvido.
Encolhido
À lareira,
Ao que pergunto
Respondo
Com as achas que vou pondo
Na fogueira.
O mito apenas velado
Como um cadáver
Familiar…
E neve, neve, a caiar
De triste melancolia
Os caminhos onde um dia
Vi os Magos galopar…
Miguel Torga
19.12.11
A Morte Saiu à Rua
Passa hoje o 50.º aniversário sobre a morte do artista plástico José Dias Coelho, assassinado pela PIDE numa rua de Lisboa.
Zeca dedicou esta música à sua memória.
16.12.11
Esperei por Ti
Esperei por ti
em Dezembro.
Estive a rezar.
Aguardei, do Pai Natal,
a tua presença amiga,
o teu calor, minha Mãe.
Mas não senti,
como desde que me lembro,
o teu olhar,
nem qualquer outro sinal
que me trouxesse a cantiga
que costumavas cantar,
minha Mãe.
Jorge Dias
15.12.11
Fernando Assis Pacheco
Jornalista e escritor, nasceu em Coimbra em 1 de Fevereiro de 1937. Morreu no dia 30 de Novembro de 1995 como gostariam de morrer muitos escritores: numa livraria. Foi na Bucholz, em Lisboa.
______________________
Chula das Fogueiras
Amor amor meu big amor
eu dizia shazam e tu não me ligavas
pus Mandrake a seguir-te hábil nos truques
e tu não me ligavas
em qualquer planeta verde e avançadíssimo
tu não me ligavas
estendi o meu braço Homem de Borracha até S. Martinho do Bispo
e tu não me ligavas ponta nenhuma
tu querias era casar na Sé Nova
branquingénua abusar do meu livre alvedrio
fiz-te pois um manguito do tamanho dum choupo
e cá estou pai de filhos um bocado estragado
mas não por tua causa que já não existes
ó sombra de sombra à esquina da farmácia.
Fernando Assis Pacheco
14.12.11
Rio Mondego
Daniel Pinheiro
Realizador
Este documentário, filmado em Maio/Junho de 2011 e que tem o Rio Mondego como protagonista, corresponde ao trabalho final de mestrado do jovem realizador de Coimbra, Daniel Pinheiro, na Universidade Britânica de Salford.
Trata-se duma viagem pelo rio, da nascente até à foz, que inclui registos da vida selvagem. É um trabalho que exigiu muita paciência, com imensas horas de espera em abrigos, como aconteceu com o melro-d’água em que foi necessária uma espera de uma semana para o filmar.
Trata-se duma viagem pelo rio, da nascente até à foz, que inclui registos da vida selvagem. É um trabalho que exigiu muita paciência, com imensas horas de espera em abrigos, como aconteceu com o melro-d’água em que foi necessária uma espera de uma semana para o filmar.
13.12.11
Calhabé
Calhabé - Coimbra
Se as Cidades e os Bairros
Competissem em beleza,
Coimbra e o Calhabé
Ganhariam com certeza.
António Ferreira
1959
12.12.11
11.12.11
10.12.11
Ainda da Lisonja à Lei dos Graves
Abrunheiro - Coimbra / 1994
Do pântano de outrora, resta a secura do chão, todo ele gretado, a toda a extensão que os olhos persigam. É a vileza do deserto denunciada há muito. Ou será a ameaça, antes promessa tão vicejante como o cristal das risadas infantis em liberdade, a consumar-se. Ou ainda a sensação inimaginável de cócegas, desde sempre conservadas na lembrança, se nos fosse concedida a puerilidade de pisar e repisar esse mesmo chão definido por medonhas gretas com os pés a nu, o que equivale a dizer tão descalços e libertos de calos como à nascença.
Qual máscara aquém da queda iminente, a tela devolve o dia à noite e o sol é a lua. Mas persiste a sombra estendida na terra, que nem lençol por demais puído a corar no areal. E mais uma vez em pose (porque é já recorrente, ainda que obscura, esta evocação dos versículos da fruta roubada e mordiscada pelos primatas iniciais), a nudez personificável como hipótese de tentação, e tão ali à mão, que se lhe toca.
Ajuste-se então o ludíbrio à ficção da realidade, e o deserto tornará a vicejar para repouso, ou repasto, de quem nas lendas acredite ainda.
josé daniel abrunheiro
Do pântano de outrora, resta a secura do chão, todo ele gretado, a toda a extensão que os olhos persigam. É a vileza do deserto denunciada há muito. Ou será a ameaça, antes promessa tão vicejante como o cristal das risadas infantis em liberdade, a consumar-se. Ou ainda a sensação inimaginável de cócegas, desde sempre conservadas na lembrança, se nos fosse concedida a puerilidade de pisar e repisar esse mesmo chão definido por medonhas gretas com os pés a nu, o que equivale a dizer tão descalços e libertos de calos como à nascença.
Qual máscara aquém da queda iminente, a tela devolve o dia à noite e o sol é a lua. Mas persiste a sombra estendida na terra, que nem lençol por demais puído a corar no areal. E mais uma vez em pose (porque é já recorrente, ainda que obscura, esta evocação dos versículos da fruta roubada e mordiscada pelos primatas iniciais), a nudez personificável como hipótese de tentação, e tão ali à mão, que se lhe toca.
Ajuste-se então o ludíbrio à ficção da realidade, e o deserto tornará a vicejar para repouso, ou repasto, de quem nas lendas acredite ainda.
josé daniel abrunheiro
9.12.11
Fado Triste
Do filme "O Pátio das Cantigas", este "Fado Triste" renasce cantado por Mário Rovira, acompanhado pelo o grupo musical "Raízes de Coimbra", com arranjo de Rui Pato.
8.12.11
6.12.11
Balada do Fim do Ano
A cabra quando badala
Tem um ar de desengano
Parece que diz à gente
Cautela com o fim do ano
A cabra, sino de esperança
Toca no alto da torre
Parece que diz à gente
A juventude não morre
5.12.11
Fábrica da Cerveja
Coimbra
O edifício da Fábrica de Cerveja de Coimbra, desactivada há muitos anos, foi entregue ao abandono e oferece este aspecto degradante. Era aqui que se fabricava uma das melhores cervejas do País para o que concorria, como constava na época, a qualidade da água utilizada. Topázio era a branca e Onix a preta. A administração desta empresa, rendida aos resultados das chamadas economias de escala, desactivou esta unidade e concentrou o fabrico em Vialonga. E as instalações? Ficaram aqui abandonadas para perpetuar a memória da existência da fábrica?
3.12.11
Jardim Botânico
Conheça, nesta pequena visita, as estórias de algumas árvores do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. Uma pequena amostra das cerca de 2500 espécies que povoam os 13,5 hectares de jardim.
2.12.11
Quase Um Poema de Amor
Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.
Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor
Miguel Torga
1.12.11
Serenata
1947
Capas Negras
Capas Negras
Pequeno excerto do filme "Capas Negras", realizado em 1947 por Armando de Miranda, tendo como intérpretes Alberto Ribeiro e Amália Rodrigues
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